Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Preview da Final - Dallas Mavericks vs Miami Heat


Antoine Walker dança balé no garrafão do Mavs de 2006

Foram 82 jogos da temporada regular para cada time. Foram 15 jogos de playoffs, com 12 vitórias e três derrotas pra cada um dos dois. E agora, finalmente, Miami Heat e Dallas Mavericks estão prontos pra fazer a grande Final da temporada 2011 da NBA, começando hoje a noite, no AA Arena em Miami. E se esses dias eu disse que os times que foram eliminados nas finais de conferência, Bulls e Thunder, eram times bem parecidos, Mavericks e Heat são times bem diferentes em quase tudo. Mesmo assim, os dois tiveram um caminho difícil até aqui, cheio de problemas e dúvidas.

Os problemas do Miami Heat ao longo da temporada já foram muito comentados, inclusive por esse blog, que sempre olhou com desconfiança esse time de South Beat. Claro que (como eu também fazia questão de frizar a cada crítica) quando você tem dois dos cinco (dos três?) melhores jogadores da NBA no mesmo time esse time sem dúvida é candidato a ir bem, ganhar o título, descobrir a cura da AIDS e até fazer o Scottie Pippen fazer comentários idiotas comparando Lebron James ao Michael Jordan. Mas apesar de todo o talento (e de uma montagem de elenco que, tirando o Big Three, foi totalmente desastrosa, já que o Miami não tem outras moedas de troca e está comprometido com seis jogadores até 2016 que comem todo o teto salarial, mas que pelo menos cumpriu o papel de cercar o Big Three com 12 role players) o Miami demorou muito a se encontrar na temporada regular, não achou um bom equilíbrio entre suas três estrelas dentro de quadra e, apesar de muitos jogos dominantes, perdeu a maior parte dos confrontos contra equipes fortes. O excesso de jogadores com a mesma característica, a falta de jogadores decentes nas posições de armador e pivô e um ataque fraco de meia quadra (que também resultou numa incapacidade de decidir jogos) colocaram muitas dúvidas em cima do Miami Heat.

E não preciso nem comentar que nessa pós-temporada o Heat tem passado por cima de todas elas. Dominou o 76ers e mostrou pra um enfraquecido Celtics quem é o verdadeiro Big Three da atualidade nas primeiras rodadas, dois times incapazes de explorar as fraquezas do Miami Heat. E quando enfrentou o Chicago Bulls do MVP Derrick Rose e o primeiro time com garrafão realmente forte entre os que pegaram nos playoffs, as duas características que mais atrapalharam o Heat ao longo da temporada, o Miami simplesmente passou por cima do adversário. Tudo bem, o Heat demonstrou os problemas que a gente já conhecia em algumas horas - as vezes teve dificuldades em pontuar no garrafão pela falta de um pivô que atraia a marcação, o banco e a rotação não tem a menor lógica e as vezes o ataque passa por períodos de estagnação onde o Lebron fica forçando bolas longas - mas conseguiu contornar ou corrigir muito mais defeitos do que muita gente esperava, o jogo do time se elevou muito, pareceu ter encontrado um equilíbrio e parece que, depois de uma temporada regular muito conturbada, o Miami Heat finalmente está trazendo seu melhor basquete, com uma defesa insana e um ataque que - apesar dos defeitos que tem - usa e abusa do talento dos seus craques, que estão não só entrosados como envolvendo muito bem os companheiros. É um time que tem dois dos jogadores mais completos da Liga e está usando isso de forma a ganhar suas partidas com propriedade.

E do outro lado, o Mavericks foi um time que também teve uma temporada cheia de altos e baixos mas que, eu confesso, eu não esperava que se reerguesse nos playoffs, como por exemplo eu acreditava que seria o caso do Heat. O Mavericks foi uma das sensações do começo da temporada, tinha uma defesa por zona absurda e tinha um ataque bem balanceado com o Dirk Nowitzki em grande fase (Que já dura uns 10 anos). Mas aí vieram as lesões: Primeiro o Nowitzki perdeu alguns jogos e deixou o resto do time totalmente perdido, e depois a lesão definitiva do Caron Butler. Eu falei sobre o impacto dessa lesão antes da série entre Mavs e Blazers, sobre como o Mavericks perdia uma das suas válvulas de escape porque era único jogador do time que batia pra dentro, abria espaço e cavava faltas no garrafão. Sem ele, o time passou a ter apenas o Nowitzki como um jogador pra criar o próprio arremesso, o que as vezes tornava o Mavericks um time excessivamente estagnado e dependente do alemão. E isso se fez sentir muito ao longo de toda a temporada regular, era o Nowitzki jogando em nível MVP e o time ganhando por pouco, com dificuldade, mesmo de times medianos. Mas o Mavericks também superou tudo isso na prorrogação: O time começou a rodar a bola ainda melhor do que antes pra compensar a falta do Butler, o JJ Barea surgiu como uma ótima opção pra bater pra dentro do garrafão, a defesa continuou forte como sempre e o Dirk é simplesmente o cara. Depois de um sufoco e um quarto período patético, quando o Brandon Roy fez um dos melhores jogos da história recente dos playoffs, o time se acertou, perdeu apenas uma partida e ganhou todos- TODOS! - os jogos fora de casa que disputou. Varreu o Lakers, venceu meu candidato ao título do Oeste que era o Thunder, e agora ta lá na Final, mais uma vez.

Sobre o confronto em si, os dois times se enfrentaram duas vezes na temporada regular, com duas vitórias do Mavericks. E a gente já sabe que as derrotas do Heat na temporada regular são coisas que ficaram por lá, se fossemos seguir essa lógica o Heat nunca teria passado do Celtics, então não querem dizer nada. Mas a questão é que nelas o Mavericks demonstrou muito bem como defender o Miami Heat usando sua defesa por zona em mais do que um terço das posses de bola do adversário. A inconsistência nos chutes de longe do Lebron e do Dwyane Wade era mais explorada e com os ótimos defensores Tyson Chandler e Brandon Haywood o time impedia as cestas fáceis próximas à cesta, e o Miami Heat muitas vezes tentava apelar pra um exagero de jogadas individuais que resultavam em turnovers. Mas esses confrontos foram cedo, cedo demais, na temporada pra significarem muita coisa, ou pelo menos no que diz respeito à capacidade do Miami de reagir a ela. O Heat está trabalhando melhor a bola, tem uma variedade maior de jogadas que eles são capazes de executar à sua disposição e o Lebron está, talvez, na melhor fase da carreira.

Mas o fato é que o Dallas está muito confiante na sua habilidade de defender a grande zona de conforto do Miami, o garrafão. O Chandler fez um trabalho sensacional contra o LaMarcus Aldridge na primeira rodada e o time como um conjunto parou completamente o garrafão do Lakers e o Kobe Bryant quando tentou se aproximar do aro e mais tarde o Russell Westbrook e o Kevin Durant foram obrigados a tentar ganhar jogos de fora da área pintada. A velocidade lateral do Chandler e do Haywood combinada à defesa por zona torna o garrafão do Mavericks uma zona dificílima de se entrar, e se o Miami não conseguir se impor lá dentro a série vai ficar difícil pra eles. Eles não tem um pivô dominante (ou sequer decente ofensivamente) e o Chris Bosh não vai encontrar a facilidade que teve na série contra o Bulls, quando foi marcado pela peneira que é o Carlos Boozer e foi fundamental pro Heat furar a defesa de Chicago passando por cima do marcador como quis, quando quis e por onde quis. Por isso mais do que nunca o time vai depender das infiltrações do Lebron e do Wade e da capacidade deles de começarem as jogadas de dentro, não do perímetro. Eu podia citar que os dois vão precisar das bolas de três, mas isso seria idiota, já que eles vão acertar algumas e vão errar mais outras de qualquer forma, faz parte do jogo deles. Já o Mike Bibby e principalmente o Mike Miller tem como obrigação acertar as bolas que não acertaram até agora (Tirando um dos jogos contra o Bulls por parte do Miller) pra dar ao Heat uma opção a mais de forma a extender o cobertor da defesa do Mavs e tentar fazê-lo mais e mais curto. E, é claro, o Bosh vai ter que achar uma forma de produzir. Ele deitou e rolou contra o Boozer, e se mantiver o ritmo vai ser um jogador chave nessa série, mas o Nowitzki é um defensor muito melhor que o Boozer e as vezes o brontossauro de Miami vai ter que tentar passar por cima dos mais altos Chandler e Haywood. Sem o Bosh se estabelecendo, e com Lebron e Wade tendo que segurar a bola o tempo todo pra forçar as infiltrações, isso pode levar a arremessos mais contestados e previsíveis, matando a rotação de bola que tem sido muito boa até aqui e gerando turnovers e pontos fáceis nas mãos do Shawn Marion.

Do outro lado, a grande questão de qualquer série que envolva o Mavericks: Como parar o Dirk Nowitzki? Nas Finais de 2006, o Heat teve sucesso quando usou dois jogadores. Primeiro o Udonis Haslem, e depois e a meu ver muito mais eficientemente o James Posey. Os dois colocaram pra cima do Nowitzki uma marcação física, que não deu espaço pra ele jogar de meia distância e o forçaram a se aproximar mais da cesta - onde o Heat tinha dois paredões - ou então a forçar arremessos. Mas o Heat tem dois problemas se quiser repetir isso. Primeiro que não tem mais um jogador de marcação como o James Posey. O Posey é um excelente marcador, mais baixo que o alemão mas muito físico e ágil e que deixou o ala-pivô desconfortável, desequilibrado e isso acabou por tirá-lo do jogo que ele gosta, mas o Heat não tem nenhum jogador com essa combinação de força física e boa defesa de meia distância além, talvez, do Lebron James. Então vocês poderiam me falar "Ué, coloca o Haslem, deu certo uma vez.". Mas aí que entra o segundo e maior problema: O Nowitzki é, hoje, um jogador muito mais completo e muito melhor do que o das Finais de 2006. Ele joga melhor de costas pra cesta, infiltra muito melhor, tem um arsenal infinito de jogadas ofensivas e, principalmente, está muito mais confortável do que nunca passando a bola e acionando seus companheiros e sua ótima rotação de bolas no perímetro. Marcar o Dirk de perto, com o físico, não da mais tão certo porque ele não foge de contato, ele gira e parte em direção a cesta para uma enterrada ou uma falta, e se você der espaço a gente já sabe o que acontece. E a forma como ele conseguiu se inserir no esquema de jogo do Dallas (Falei mais sobre o assunto num post recente) e acionar seus companheiros sempre que recebe uma marcação dupla trouxe uma melhoria absurda no ataque de Dallas, que com isso abre muito mais espaços. O Heat provavelmente vai tentar usar o Haslem em alguns momentos, o Bosh em outros e provavelmente até o Lebron, mas eu não vejo o Bosh nem o Haslem capazes de defendê-lo eficientemente sem cometer um excesso de faltas ou atrair marcações duplas. O Lebron tem mais agilidade e muita força física, mas se o Bosh não for eficiente no ataque e deixar tudo a cargo de Wade e Lebron, e sobrecarregar o ex-MVP com isso pode destruir o plano de jogo ofensivo da equipe, além da possibilidade dele ter que sentar com faltas. Essa marcação deve mais ser usada como um recurso em momentos chaves da partida, como aconteceu com o Rose algumas vezes, mas em geral, o Heat vai ter que achar uma forma de contar o Dirk sem usá-lo.

Outro fator importante dessa série são os turnovers. Já comentei do lado do Dallas, mas o Miami é um time que vive pelos turnovers, tem um ataque de transição imparável, imarcável e inimitável e, contra uma defesa forte como a do Dallas, os contra ataques são a melhor e mais garantida forma de se pontuar. Por isso, naturalmente, o Dallas vai ter que evitar os turnovers, já que eu não vejo a defesa de transição do Dallas perto de parar Lebron e Wade correndo juntos quadra acima. O Jason Kidd é um dos melhores armadores do mundo e é muito inteligente, e a ele vai caber algumas vezes a função de cuidar da bola e evitar os turnovers, mas o Kidd não é um armador que fica o tempo todo com a bola na mão. O Dallas tem um ataque baseado em uma rápida e eficiente troca de passes e rotação de bola, o que vai dar ao Heat muitas oportunidades de conseguir roubos dignos do NBA 2k11 e sair correndo na transição. A posse de bola do Dallas, quando se dobra no Dirk, costuma rodar até achar um arremessador livre ou alguem cortando para a cesta ou próximo dela, e o Heat tem uma defesa rápida e atlética pra atrapalhar essa rotação e até conseguir alguns contra ataques. Se o Heat conseguir intimidar o Dallas nessas linhas de passe a ponto de deixá-los intimidados, a série está ganha. Se o Dallas evitar os turnovers, acionar bem o Nowitzki e rodar bem a bola - o que tem feito muito bem até aqui - o time tem uma boa chance, mas é bom lembrar que o Heat não vai disperdiçar lideranças no final das partidas como o Thunder cansou de fazer com péssimas posses de bola. E, de certa forma, o mesmo vale para o Heat, que não vai ter no Mavericks um time jovem que fica apavorado na hora de decidir e que acaba resultando num arremesso idiota vindo de uma isolação, vai ter um time veterano, que roda bem a bola e tem um jogador imarcável no Nowitzki. Vai ser uma grande série, e embora eu aposte no Heat, minha torcida vai parar o meu segundo jogador favorito, Dirk Nowitzki. Agora é sentar e curtir, que hoje 22h começa, com transmissão da ESPN.

domingo, 29 de maio de 2011

Os eliminados


Pela cara do Durant, tudo que ele quer é quebrar esse pescoço..

Ok, Bulls e Thunder são bons. São muito bons. E também são muito parecidos. Os dois possuem uma superestrela que está sem dúvida na elite da Liga. Os dois possuem uma defesa forte, um bom banco mas as vezes apresentam alguma dificuldade no ataque e em se controlar nos momentos decisivos da partida, mas também são capazes de ganhar jogos sozinhos em noites inspiradas de Derrick Rose e Kevin Durant. E esses dois times muito bons e parecidos foram eliminados nas finais de conferência da NBA principalmente porque tropeçaram nas próprias pernas.

Claro, Mavericks e Heat eram times excelentes. Dirk Nowitzki, Dwyane Wade e Lebron James fizeram chover em vários momentos da série e mostraram que, pelo menos por enquanto, eram os melhores jogadores em quadra nas respectivas séries. Mas se você fizer agora uma retrospectiva das duas séries, Bulls e Thunder tiveram muitas oportunidades de vencer jogos e abrir vantagem que permitiria pelo menos que a série durasse mais e deixaram escapar, em parte porque foram superados em termos de execução mas também porque, quando o jogo chegou nos instantes finais, tanto Thunder como Bulls sofreram com um ataque estagnado, incapaz de criar jogadas e viu o adversário acertar tudo.

Eu cometei aqui nesse post sobre como o Russell Westbrook e o Kevin Durant não estavam acertando nos momentos finais do jogo, como o Westbrook, quando precisva controlar o ritmo de jogo, segurar a bola e acionar jogadas com bom aproveitamento, abaixava a cabeça e batia pra dentro onde o Tyson Chandler estava esperando pra dar o toco enquanto o Durant assistia passivamente a isso tudo sem reclamar, sem pedir a bola e sem tentar decidir sozinho, em contraste com o Jason Kidd, que quando o jogo aperta a calma e o QI dele fazem dele um jogador muito mais perigoso que o apressado e sem cérebro Westbrook,  e o Nowitzki, que mesmo jogando mal o jogo quatro todo, chamou o jogo e acertou três cestas nos minutos decisivos pra vencer a partida. Também falei em outro post sobre a sucessão de erros que o Bulls cometeu no jogo quatro, quando tiveram a chance de empatar a série mas tropeçaram demais nos próprios erros e limitações e viram o Heat abrir fatais 3-1, a incapacidade de chamar jogadas, a falta de um elenco que possa segurar a bola quando o Heat pressionou o Rose a soltar a bola e a incapacidade de executar duas jogadas nos segundos finais que gerassem arremessos melhores do que bolas longas do Rose defendido (muito bem) pelo Lebron James. E tudo isso que a gente viu, que os gringos viram, que os quatro times vivos na NBA viram, se repetiu mais uma vez no jogo cinco de ambas as séries e que decretou que a final da NBA vai ser uma revanche da final de 2006, quando o Heat venceu o Mavs por 4 a 2.

Se eu for comentar extensivamente cada um dos jogos cinco, isso aqui vai ficar repetitivo e longo demais. Mas mais uma vez, o Thunder chegou no final com a vantagem, não soube o que fazer, viu o Westbrook e o Eric Maynor incapazes de manterem a calma e erraram tudo que tentou, e aí o Nowitzki acertou tudo pra fechar a série, em mais um exemplo de como isso foi repetitivo em pelo menos três jogos da série. E no jogo cinco, tivemos ao mesmo tempo um jogo simplesmente histórico do Miami Heat e uma demonstração patética do Bulls de como entregar um jogo. Não da pra falar que foi só uma das duas coisas, nenhum time no universo perde uma vantagem de 13 pontos em dois minutos e meio só por causa de uma delas. Quando o Ronnie Brewer acertou duas bolas que ele geralmente erra pra colocar o Bulls com essa vantagem, o que aconteceu daí em diante tem que ser separado em dois vídeos diferentes: Um só com as jogadas do Miami Heat pra quem gosta do basquete bem jogado e de ver dois gênios em ação, e outro com os ataques do Bulls pros masoquistas. O Wade simplesmente colocou a bola embaixo do braço, fez uma cesta, depois uma four point play, depois outra cesta de três, depois o Lebron acertou mais duas bolas ninjas de três pontos e o game winner pra dois da cabeça do garrafão. Todas cestas impossíveis, mas é por isso que eles são o que são. Do outro lado, o Bulls conseguiu apenas UMA cesta nesse tempo todo, uma bola forçadíssima do Rose numa infiltração que deu errado. Fora isso, foram arremessos contestados, infiltrações disperdiçadas e turnovers, tudo que o Bulls fez nos jogos três e quatro que tornaram a vida do Heat muito mais fácil e foi incapaz de corrigir nesse jogo cinco, quando tinha tudo pra forçar um jogo seis de vida ou morte em Miami. O Heat foi fantástico, mas o Bulls deixou o jogo escapar por incompetência também.

Ou seja, a inexperiência e o excesso de erros e decisões ruins nos minutos finais foram fatais para esses dois times jovens. São times muito bons por 44 minutos mas que parecem não saber o que fazer, em quem confiar, como jogar, nos quatro minutos finais (E prorrogações). O que, de certa forma, não é de se estranhar: O Thunder é um time extremamente jovem, que vem evoluindo a passos largos mas que nunca tinha sequer passado da primeira rodada dos playoffs, não tem um jogador mais experiente para ser um líder maduro dentro de quadra nessas horas e que não tem um técnico que seja velho, calejado e experiente. E o Bulls foi um time que acabou de ser montado, com um técnico novato, e que claramente se montou para daqui a algum tempo, eles não esperavam (Sinceramente, quem esperava?) que o Derrick Rose desse esse salto de produtividade tão cedo. O Bulls montou um time pra ir sendo construido com calma, mas quando o Rose de repente acordou jogando como um MVP, o time fez a unica coisa que podia, pensou em título. Mas agora com a derrota, o Bulls vai ter que ir com calma arrumar as falhas do seu elenco pra tentar novamente.

Pra mim, a maior coisa que esses times tem que levar dessa derrota é a experiencia. Um time tem mais a aprender nas derrotas do que nas vitórias, porque é nelas que fica exposto o que tem de errado e não o que tem de certo. E foram duas eliminações que, embora tenhamos visto os melhores times classificando, não foram tão dominantes como o resultado final (4-1) indica. Vários jogos foram decididos apenas nos instantes finais e porque um time não soube o que fazer e o outro soube. O talento está lá, são dois ótimos times que tem muitos anos pela frente pra tentarem uma final. Agora não vai adiantar chorar a eliminação nem achar culpados, mas os times tem que extrair o melhor disso. O Russell Westbrook foi muito questionado por agir mais como pontuador e menos como armador, mas as vezes isso é importante pro time. O moleque tem 21 anos, ainda precisa evoluir e amadurecer pra conseguir fazer melhor a distinção entre pontuar e armar - não tem nada de errado em um armador pontuador, ele só tem que saber quando é melhor ele fazer isso e quando é melhor cadenciar o jogo. Ao invés de crucificarem o moleque como ele está fazendo, vamos esperar pra ver o efeito que essa derrota vai ter nele. Times aprendem perdendo, jogadores crescem superando dificuldades - o Phil Jackson ganhou 11 títulos com essa postura, quem vai criticar??

E se o Thunder tem um time perfeitamente montado mas que precisa de muita experiência e até de um pouco mais de arrogância, o Bulls ainda precisa concluir seu projeto que já está bem avançado. A necessidade do time que foi mais explorada pelo Heat foi a falta de outro jogador além do Rose pra segurar a bola e criar o próprio arremesso. Quando temos essa necessidade e olhamos pro Keith Bogans de titular, a gente soma 2+2 e chega à conclusão de que o time precisa urgente de um ala-armador. O nome mais cotado é o do Rip Hamilton, que ainda tem um contrato longo com o Pistons mas que está envolvido em muitos boatos de troca para liberar salário (Existe até um boato forte de que o Cavaliers estaria interessado numa troca envolvendo ele pra ficar com a segunda escolha do Draft e que terminaria com o Hamilton sendo dispensado) e poderia ficar sem salário podendo assinar com o Bulls a um salário baixo. O Hamilton arremessa bem de três, cria seu arremesso, é ótimo saindo de screens e defende bem, seria uma ótima adição. Eu também defendo o Aaron Afflalo, acho um jogador excelente, sabe segurar a bola, ótimo defensor e arremessador de três e que tem evoluido seu jogo, principalmente no quesito pontuação. Qualquer um deles já seria uma ótima adição, e com mais um ano pro time crescer e se entrosar, esse time pode estar pronto pra desafiar o Heat em 2012. Ah sim, alguns querem trocar o Carlos Boozer, mas eu acho cedo pra isso...

Enquanto isso, os experientes Mavericks (Time de vovôs) e o Heat (Um time bem mais jovem, mas muito rodado: Wade já foi campeão e MVP das Finais em 2006 e o Lebron foi finalista em 2007, além de ser duas vezes MVP e ter levado o Cavaliers nas costas anos a fio nos playoffs) estão na final. Ambos fizeram valer sua experiência e o crescimento que tiveram como times ao longo da série (Ah, aquelas derrotas...) e chegaram à Final. Mas esse preview vai ficar pra amanhã. Não deixem de conferir.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Jogo dos mil erros

Derrick Rose tenta morder o queixo do Joakim Noah


Ao longo das finais do Leste, também no jogo vencido pelo Bulls mas principalmente nos vencidos pelo Miami Heat, alguma coisa estava me incomodando. Eu não sabia explicar exatamente, mas alguma coisa na forma como os times estavam jogando estava me deixando inquieto, como se o jogo estivesse sendo desagradável. Até que nesse jogo quatro, essa coisa que tanto me incomodava foi totalmente escancarada por ambos os times, e a única forma como eu consigo descrever isso é usando a expressão que meu amigo uma vez usou: Um jogo dos mil erros.

Não, é sério, o jogo consistiu basicamente em erros, de ambos os lados. A gente comentou, quando a série começou, que essa série provavalmente seria uma série de placares baixos, com defesas superando os ataques, onde os turnovers iam gerar contra ataque e pontos fáceis que os times iriam querer evitar e portanto deveriam jogar um basquete mais lento e de meia quadra. O problema é que nenhum desses dois times joga um basquete eficiente de meia quadra, o que gera rebotes, turnovers e contra ataques, vindo dos erros dos mais variados, principalmente turnovers e posses de bola... digamos... deficientes. Esse jogo quatro elevou isso a um novo nível, porque o momento do jogo foi controlado por quem estava sendo capaz de aproveitar isso pra transformar em mais posses de bola e principalmente contra ataques.

Claro que a gente não pode falar que esse show de erros foi porque os times são ruins, estão jogando mal, etc. Tanto o Heat como o Bulls tem uma defesa fortíssima que tem feito um bom trabalho evitando as principais armas do seu adversário, o que faz com que nenhum dos dois consiga jogar confortavelmente um basquete de meia quadra e force turnovers, principalmente o Miami Heat. O Heat escancarou totalmente o maior defeito do Bulls, que é a falta de ter algum jogador pra segurar a bola além do Derrick Rose (Piorado pelo fato do Rose ser ainda mais um pontuador do que um ball handler) e tem colocado dois e até três jogadores em cima do Rose pra forçar o MVP a soltar a bola e aí eles aproveitam da falta de um jogador pra ficar com ela pra gerar turnovers e impedir que o Rose receba de volta. As vezes o Rose simplesmente tenta passar por cima da marcação, as vezes funciona, as vezes gera turnovers custosos pros contra ataques. O Bulls até teve algum sucesso fazendo o Rose jogar sem a bola e recebendo para finalizar, mas no geral isso rendeu turnovers e posses de bola disperdiçadas com arremessos forçados, o que impediu que o Bulls estabelecesse seu jogo.

Do outro lado, o Bulls também fez um ótimo trabalho mantendo o Heat fora do garrafão. Foram apenas 24 pontos na área pintada para o time de Miami (sem contar, claro, os trocentos lances livres), fazendo o que o Sixers e o Celtics foram incapazes de fazer. O Miami joga muito bem quando seus três craques ficam se movimentando em direção à cesta, mas o Bulls conseguiu evitar que eles fizessem isso o jogo todo, ou pelo menos sem tomar uma castanhada.

Essa situação criadas pelas fortes defesas forçou os ataques a não conseguirem pontuar e com isso o jogo passou a ser dominado por quem dominou o contra aataque. Foram 26 pontos de contra ataque para o Bulls e 15 para o Heat, mas se contassem os trocentos lances livres que os contra ataques geraram, esses números iam aumentar bastante. No começo do jogo, quando o Bulls aproveitou os erros do Heat pra correr com a bola, ele abriu vantagem. Quando o Bulls parou de correr, foi a vez do Heat abrir o placar. Chegou numa hora no terceiro periodo quando o Heat tava aproveitando o ataque de meia quadra mal executado do Bulls pra correr e fazer a cesta. Quando o jogo parou e o Heat que teve que executar o ataque de meia quadra, foi o Bulls que aproveitou de um turnover e dois rebotes longos pra voltar ao jogo. Em resumo, o jogo quatro praticamente todo - bem como vários momentos chave ao longo da série - foi decidido por quem errou menos e soube aproveitar melhor os erros do adversário pra furar as defesas.

E foi isso que decidiu o jogo também nos seus instantes finais. Com o placar empatado em 85, o Bulls tinha a bola e tinha tempo para dar um arremesso, esperar a jogada do Heat e ainda ter a bola final nas mãos. Mas o Bulls só tinha um tempo pra pedir quando teve a sua primeira chance, e por isso não teve como o téncico passar instruções para o time nem colocar o Kyle Korver (Argh!) em quadra pra um eventual pick and pop. O Bulls, pra essa jogada tão importante, escolheu isolar o Derrick Rose na cabeça do garrafão marcado pelo Lebron James, o que resultou num arremesso longe da cesta e que deveria ter sido por cima de um jogador bem mais alto. Não preciso falar que deu errado. Mas depois que o Lebron fez outra jogada tosca e cometeu uma falta de ataque desnecessária (e questionável), o Bulls pediu seu tempo e teve tempo suficiente pra montar uma jogada para os segundos finais. Mas nessa jogada tão decisiva, depois do tempo, o Bulls voltou com... uma isolação para o Derrick Rose na cabeça do garrafão, claro!! Que também acabou num arremesso longo e forçado que não entrou. O Bulls teve duas vezes a chance de vencer o jogo e ao invés de executar alguma jogada para facilitar a cesta, preferiu isolar o Rose marcado pelo Lebron para dois arremessos idiotas. Se alguma dessas bolas entra - principalmente a segunda - ia significar a vitória, mas qual a chance do Rose acertar esses arremessos por cima de alguém tão mais alto e bom defensor?

Na prorrogação, a história se repetiu. O Heat usou Lebron, Chris Bosh e o Dwyane Wade, que ressurgiu das cinzas depois de um jogo apagadíssimo, pra variar as jogadas, rodar a bola e conseguir boas cestas (algumas forçadas, ok). Quando foi a vez do Bulls ir pro ataque, era o Rose com a bola na mão o tempo todo, passes errados, turnovers em infiltrações, arremessos forçados que acabaram bloqueados (Só o Wade teve dois tocos na prorrogação) ou cedendo rebotes longos, e até um passe do Luol Deng ao repor a bola em jogo que foi patético, a bola saiu sem passar perto de ninguém, e o Heat aproveitou tudo isso pra responder com contra ataques que terminavam em pontos fáceis, sem precisar passar pela forte defesa de Chicago. Esses erros entregaram o jogo nas mãos do Heat, porque se é dificílimo até pra Miami pontuar contra a defesa de Chicago, esses pontos de transição aconteceram facilmente, sem ninguém pra fechar o caminho até a cesta.

Claro que o Heat não ganhou só porque o Bulls errou. A gente tem que destacar a energia (da qual já falamos antes) do Udonis Haslem, do Wade entrando na prorrogação pra acertar tudo e definir o jogo pro Heat e principalmente da ótima partida do Mike Miller, que finalmente justificou o fato de Miami ter destruido sua folha salarial pra contratar o ala-armador, além da ótima defesa da qual já falamos que manteve o Rose desconfortável, longe do garrafão e explorou os pontos fracos do Bulls. Mas o Bulls também teve seus acertos, conseguiu bons pontos, fez uma boa defesa e soube, em alguns momentos do jogo, aproveitar os erros do Miami Heat com bons contra ataques. O Bulls teve a chance de ganhar os jogos, mas deixou escapar tanto pelos méritos do Heat como por tropeçar nas próprias pernas com o excesso de turnovers nas horas erradas. Dos dois, esse segundo é mais dolorido porque o Heat é bom, tem craques e vai achar um jeito de jogar bem, mas os erros - ainda que muitas vezes consequencia da forte defesa e bom plano de jogo do Heat - são evitáveis, algo que sai das suas próprias mãos (literalmente). O Heat comete turnovers, erros bestas e as vezes bate cabeça, mas na hora que conta eles sabem o que fazer, mesmo se eles errarem. O Bulls ainda parece as vezes confuso, e aí a falta de ter o que fazer não resulta só num erro, resulta num contra ataque pro adversário. Um turnover não é custoso (principalmente contra Wade e Lebron) só porque você perde a posse de bola, e sim porque voce oferece ao adversário uma chance de fazer pontos fáceis na transição. Foi aí que o Bulls perdeu o jogo (e a série até aqui) e foi isso que o Heat soube tão bem aproveitar.

Apesar disso, a série ainda não acabou. O Bulls tem o MVP da temporada, tem uma boa defesa e joga em casa. Se ganhar o jogo cinco em casa, vai jogar a vida contra o Heat em Miami no jogo seis, porque se vencer, aí teremos um jogo 7 numa situação totalmente tensa, onde ninguém é favorito. Mas pra isso, precisam fazer o que ninguém fez até aqui, ganhar do Heat em Miami. Mas mesmo assim, ainda precisam ganhar o jogo cinco em casa. E pra isso, precisam parar com esses erros bestas. E caso perca mesmo, pelo amor de Deus, que alguém vá no mesmo instante até Denver para oferecer uma escolha de primeira rodada e mais algum restolho do elenco pelo Aaron Afflalo!!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Macaco velho

Um aviso aos leitores: Conforme os jogos de playoff da NBA vão ficando mais escassos (Logo, também os assuntos), vamos gradualmente voltar a falar da NFL. A gente ainda não vai fazer o intensivo do Draft porque exigiria mais tempo e atenção, e com as Finais logo ali a gente preferiu deixar pra depois. Mas ainda temos muitos tópicos de interesse que aos poucos vão sendo retomados no blog, mas até o fim dos playoffs a prioridade realmente será a NBA. Espero que compreendam.
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Quando essa foto foi tirada, Michael Jordan ainda jogava. Pelo Bulls.


No jogo três das finais da Conferência Oeste, o jogo foi em Oklahoma City, ginásio lotado impulsionando seu time. O Thunder teve 36 lances livres contra 18 do Dallas. Além disso, o melhor jogador do Dallas, Dirk Nowitzki, fez apenas 18 pontos em 7-21 arremessos e com sete turnovers. Sendo assim, claro que o Thunder ganhou, né? Né?? Néeee??? Mesmo com 36 lances livres, com o melhor jogador do adversário num dia ruim, o Thunder não só perdeu como estava levando uma surra durante boa parte do jogo até o terceiro período, chegou a estar perdendo por 23 pontos e quando conseguiu sua recuperação, esbarrou nas próprias pernas e perdeu.

Em um post polêmico (mas só porque o Blogger o apagou e depois ele reapareceu misteriosamente, e eu fiquei puto no meio tempo), eu comentei como os times formados por jogadores jovens estavam dominando esses playoffs enquanto os veteranos tradicionais, no caso San Antonio, Los Angeles e Boston, estavam caindo fora com requintes de crueldade e sendo verdadeiramente dominados. O único time que sobrou entre os tradicionais veteranos foi justamente o Dallas Mavericks, que está batendo de frente contra o time mais pirralho da pós temporada. Comentei também que a experiência, que esses times tanto vinham usando como arma nos últimos anos, nessa temporada parecia não surtir efeito. Até o jogo três da final do Oeste, bem entendido. E se no preview dessa série eu disse que como os times não tinham características ofensivas que batiam de frente com as características defensivas do outro time (Como foi o caso do Mavs contra o Lakers, por exemplo, um time que vive de pontuar no garrafão), quem deveria decidir os duelos seriam os craques das duas equipes, Nowitzki e Kevin Durant, eu também citei o duelo Jason Kidd contra Russell Westbrook como um duelo importante. E esses dois 'matchups' foram no jogo três os fatores decisivos nas horas decisivas, simplesmente porque dois são pirralhoes e dois são veteranos cascudos.

O Mavericks dominou o primeiro tempo do jogo três, abriu 23 pontos de vantagem(35-12!!), comeu o Thunder com farinha e isso tudo com o Nowitzki jogando mal. Mas no terceiro quarto, o James Harden começou e o Westbrook continuou uma sequência pro Thunder na qual eles começaram a marcar pontos e não pararam mais, especialmente da linha do lance livre com o Westbrook adotando sua famosa tática 'fecha os olhos e ataque a cesta em linha reta', o que fez o JJ Barea cometer falta atrás de falta e mandar o armador de Oklahoma pra linha do lance livre. O Thunder conseguiu, assim apertar no placar chegando no final da partida. E é aí que a história começa.

O Thunder tinha o momento na partida. O ataque do Mavs não conseguia produzir, e o Thunder precisava de só mais algumas cestas pra empatar no placar. Westbrook, até alí, tinha sido o herói do time conduzindo a campanha pra aproximar o placar. Mas foi nessa hora que a inexperiência e imaturidade do Westbrook prevaleceram. O Westbrook tem sido muito criticado por pensar primeiro em pontuar e depois em armar, o que gera infiltrações idiotas, arremessos forçados e turnovers. Ele chegou a passar o quarto período inteiro do jogo 2 no banco com o Eric Maynor de titular arrasando a defesa do Mavs. E no jogo quatro, depois de praticamente sozinho levar seu time até encostar no placar, o jogo dele parou de funcionar. O Dallas começou a fechar o garrafão pras infiltrações dele e até deixando o Kevin Durant livre algumas vezes, mas ele não teve a calma de parar, colocar a bola embaixo do braço e armar uma jogada, o que o Kidd faz tão bem. O Westbrook é ótimo, atlético, infiltra muito bem, mas quando tem que usar o cérebro e acalmar o jogo, ele não sabe. O que ele fez foi exatamente o contrário: Colocou a bola embaixo do braço, mas pra correr que nem um maluco forçando infiltrações, arremessos, chegou até a arremessar uma bola de três marcado sem sequer procurar algum companheiro livre com mais de 20 segundos ainda no relógio!

Do outro lado, o contraste entre os armadores: Numa rotação de bola, Kidd recebeu a bola livre, com espaço e tempo pra chutar. Mas preferiu fazer o pump fake, o Durant pulou e aí o Kidd se jogou nele pra cavar a falta e ganhar três lances livres que ele tinha mais chance de acertar do que aquela bola de três. Essa frieza e esse QI pro basquete do Kidd tem sido fundamental para a rotação do Mavs durante toda a temporada mesmo quando ele não faz a assistência. Ele tem sabido acionar seus companheiros e achar seu lugar no perímetro pra suas novas companheiras de três pontos. Ele não é atlético, não infiltra e não marca tão bem quando o Westbrook, ele não faz 30 pontos por jogo, mas ele vai errar pouco, vai fazer o time funcionar, e quando o jogo apertar, vai acalmar os ânimos, ditar o ritmo e fazer o time jogar o jogo que ele quer. Ao contrário do armardor do Thunder, que no final do jogo nenhuma vez procurou o cestinha da NBA e preferiu abaixar a cabeça e correr até a cesta ou então ficar driblando até forçar um arremesso ou tocar para um companheiro num aperto pra um arremesso precipitado. Quando precisou pontuar, o Westbrook dominou. Quando o jogo apertou e precisou de alguém que ditasse o ritmo, controlasse os ânimos e armasse o jogo para cestas fáceis, quem dominou foi o Kidd.

E a verdade é que a culpa disso não é SÓ do Russell. Claro que ele tem sua parcela de culpa, as vezes até por inexperiência, mas essa culpa também se extende aos companheiros de time, ao técnico, e claro, ao Kevin Durant. Muitas vezes o Russell não arma porque não tem uma jogada pra armar, ou porque os seus companheiros de time não executam direito, e aí ele perde a cabeça e faz besteira. Vejam esse post do NBA Playbook, sobre a jogada que fez o Westbrook sentar no jogo dois, e podemos notar que existe uma jogada chamada que o Thabo Sefolosha erra na hora de executar. Ai falta a paciência pro Westbrook chamar outra jogada, claro, mas também não é só culpa dele.

E também tem o fator Kevin Durant. Muita gente gosta do Durant porque ele é humilde, modesto, não gosta de fazer alarde nem chamar a atenção. Eu acho isso bem legal nele também, em contraste por exemplo ao Lebron James, que tanto gosta de chamar a atenção. Mas o Durant as vezes transfere demais isso pra dentro de quadra, as vezes falta a ele a arrogância (no bom sentido) e até a maturidade pra chamar a bola no final dos jogos, exigir a bola nos momentos decisivos, ficar bravo quando é ignorado. Claro que em execsso isso é péssimo, um jogador responsável por decidir jogos também tem que saber quando passar (e ser malhado por isso) e quando decidir, mas pro cestinha da Liga e melhor jogador do time, deveria ser um absurdo não receber a bola - e o que é pior, nem pedir, não cobrar a bola dos companheiros, assistir enquanto eles faziam besteira atrás de besteira. Ele não deve arremessar todas as bolas, mas nos momentos decisivos do jogo o Durant não pedir a bola é um defeito importante! Em contrapartida, o macaco velho do Jason Kidd soube exatamente nas mãos de quem colocar a bola quando o time precisou de dois pontos: Do cara que até alí não tinha acertado menos de 30% dos arremessos, que tinha sete turnovers e que não vinha jogando bem. E o Nowitzki recebeu a bola, acertou dois arremessos e dois lances livres, e pronto, o jogo estava decidido porque na posse de bola seguinte o Russell Westbrook ia correr e chutar uma bola tosca de três pontos. A calma do Jason Kidd e a confiança do time e do alemão que ele era capaz de ser o closer do time foram o diferencial contra a afobação do Westbrook e a falta de poder de decisão do Durant. E o Mavericks venceu fora de casa sua quarta partida seguida.

Quando o Kendrick Perkins foi trocado pra Oklahoma City, todo mundo se admirou que o Thunder era um time jovem, com muito espaço para evoluir (Os quatro principais jogadores - Harden, Serge Ibaka, Durant e Westbrook não tem nem 22 anos de média) mas que mesmo com todo esse potencial o time já estava pronto pra ganhar agora, tinha um time sólido, com boa defesa e duas estrelas. Mas talvez - apenas talvez - o Thunder não esteja tão pronto assim. Não por falta de talento, mas por falta de maturidade e experiencia. Como o Mavericks fez questão de ensinar a duras penas nesse jogo três.

sábado, 21 de maio de 2011

Os ajutes de South Beach


Chegou a arma secreta do Miami Heat

O playoff da NBA, disputado em séries de melhores de sete jogos (O da MLB também é, mas tem uma de melhor de cinco), tem o seu charme. Tudo bem, o formato da NCAA e da NFL, um jogo apenas, ganhar ou ir pra casa, mata mata, é muito emocionante, cada jogo é uma final e proporciona um número maior de zebras. Mas por outro lado, os playoffs da NBA e suas longas séries também tem um outro atrativo. A cada jogo, os times tem que fazer ajustes pra encontrar uma forma melhor de defender seu adversário, de pontuar, de abrir espaço no garrafão e tudo mais, e quando você joga com seu adversário sabendo que daqui a dois dias vai jogar de novo, você não tem escolha senão ir pra casa assistir aos vídeos da partida e pensar num contra-ataque, especialmente se você perdeu. Entre cada jogo -brigado, corrido, disputado - tem uma outra batalha, uma tática, pra ver quem consegue conduzir a série em seu favor no próximo jogo.

E ainda não entendi se foi um ajuste do técnico (Eu não sou o maior fã do Eric Spolestra), se foi apenas um teste que deu cinquenta vezes mais certo ou se foi apenas sorte, mas um fator no jogo 2 que não esteve presente no jogo 1 para o Miami Heat determinou a vitória e a quebra de mando no jogo 2.

No jogo 1, o jogo estava até equilibrado no intervalo, mas o segundo tempo foi um massacre por parte do Bulls por uma série de fatores. Mas no geral, aquele jogo foi vencido em três fatores: Rebotes ofensivos, bolas de três pontos e defesa. Começando pelas bolas de três, o Bulls acertou 10 de 21 tentativas, sendo três do Derrick Rose e quatro do Luol Deng. O Bulls não tem no seu time grandes chutadores de três, o melhor é o Kyle Korver no banco de reservas que é um cone defensivamente e portanto tem minutos limitados num time com mentalidade defensiva. O Deng e o Rose volta e meia tem boas noites e acertam seus arremessos de longe, mas não é o forte do jogo deles. Mas nesse jogo, tudo parecia cair, e cair na hora certa: Sempre que o Heat apertava, lá vinha uma bola de três. Quando o Heat parava uma boa posse de bola, um rebote ofensivo caia nas mãos de alguém livre que colocava lá dentro pra mais três. Até o CJ Watson acertou uma bola de três com direito a passo pra trás no estouro do cronômetro achando que era o Reggie Miller! Não é algo que o Bulls costuma fazer, mas que dessa vez deu certo e serviu pra ajudar e muito o time a abrir o placar. Pra comparar, no jogo dois o Bulls acertou apenas três de 20 arremessos de longe.

Mas o mais importante foram os rebotes de ataque e a defesa. Cada vez que a bola do Bulls não caia tava lá o Joakim Noah e mais quem quer que estivesse por perto pra brigar, dar tapinhas, e fazer o máximo possível pra conseguir mais uma posse de bola, e isso fez com que só o Joakim Noah saíssem com 8 rebotes ofensivos e o time como um todo com 19, gerando 31 second chance points. No total, o Bulls pegou 12 rebotes a mais que o Heat mesmo com um menor aproveitamento dos arremessos. O Heat acertou 4% a mais dos seus arremessos e teve quase o mesmo número de lances livres, e ainda perdeu por 20, simplesmente porque o Bulls acertou sete bolas de três pontos a mais e arremessou muito mais bolas por conta dos rebotes de ataque e de alguns turnovers a menos. A defesa do time também foi importante pra segurar a dupla Lebron James e Dwyane Wade, mantê-lo fora do garrafão e obrigar a dupla a arremessar para pontuar, arremessos sempre contestados. E, de certa forma, a defesa do Bulls e os rebotes ofensivos podem ser resumidos em uma outra categoria: Energia.

Nenhum time consegue uma defesa como a do Bulls só por ter energia, podiam ligar o Timberwolves inteiro na tomada que eles ainda iam levar 120 pontos toda noite, exige muito mais talento individual e uma defesa muito bem montada pra isso, mas também é fato que nenhum time vai defender Wade e Lebron tão bem sem superar o adversário em intensidade e energia. Essa energia que fez o time correr o jogo todo, brigar por cada rebote, por cada bola solta e defender o garrafão como se a vida dependesse disso - muito superior a qualquer energia que o Heat tivesse naquele jogo - foi o que fez toda a diferença na partida. E o Bulls, que tem um garrafão mais alto e mais forte que o Heat, criou um problema para o Eric Spolestra, que chegou a usar o Jamal Magloire durante a partida pra tentar aumentar o garrafão, mas ele errou uma enterrada sozinho no garrafão e... bem, não vamos falar sobre isso, me deprime só de lembrar daquela jogada.

No jogo 2, o time do Heat já entrou com uma orientação inteligente do Spolestra pra evitar essa dominação nos rebotes: Correr pro ataque assim que pegar a bola na defesa e não deixar a defesa se reorientar, o que fazia com que a correria do Heat pegasse uma defesa do Bulls completamente desmontada em sem o Noah, que ficariam brigando pelos rebotes ofensivos e forçava Chicago a não ser tão intenso nesses rebotes para não ceder cestas fáceis. Pra um exemplo, o Celtics é um time que não pegava rebotes ofensivos. Se tivesse alguém onde o rebote caisse, ótimo, mas caso contrário ninguém ia la ficar brigando até a morte por eles (Tirando, as vezes, o Rajon Rondo), o time preferia voltar rapidamente pra defesa para se montar e desafiar o adversário a pontuar por cima dela, era uma ótima defesa de transição. O Bulls é um time que prefere ficar brigando usando a energia e o tamanho dos seus homens de frente pra pegar rebotes e criar novas chances, mas a defesa de transição deles é só a 10ª melhor da NBA já que quando o rebote ofensivo não acontece o adversário enfrenta uma defesa desmontada. Correndo pro ataque mais rapidamente ao pegar os rebotes com seu ataque de transição imparável e eventualmente pontuando feito uns malucos, o Bulls não pode brincar embaixo do aro como fez no jogo 1 pra criar trocentas novas oportunidades, ao invés disso o time teve que correr para a defesa com maior frequência.

Mas o que determinou de vez a virada do Miami no jogo 2 não foi a correria. Foi um jogador que só tinha jogado sete minutos nos playoffs até aquele momento, Udonis Haslem. O Haslem teve uma atuação fundamental pra vitória do Heat mesmo sem ritmo e as vezes cometendo erros bobos. O capitão do Heat é um ala-pivô que não tem muitos recursos ofensivos, não é o melhor defensor do mundo mas que é um reboteiro excepcional e joga com muita garra, além de acertar arremessos de meia distância até de olhos fechados. O Haslem foi fundamental na partida porque ele brigou por todos os rebotes, mergulhou em simplesmente TODAS as bolas perdidas e correu feito um condenado. Se no jogo 1 o Bulls ganhou porque jogou com mais energia do que o Heat e isso determinou sua vantagem na defesa e nos rebotes, dessa vez a energia do Haslem fez exatamente o contrário. A cada erro de arremesso do Bulls e quando o Noah ia pra lá brigar pelo rebote, aparecia o Haslem pra empurrar o pivô, pra dar uns tapas na bola, pra fazer o box out ou pra simplesmente ir lá e pegar o rebote. Ele tava brigando por todos os rebotes e todas as sobras de bola pra não deixar o Noah ter vantagem, e era capaz de brigar pelo rebote na defesa e sair correndo pro ataque e ainda pegar um passe do Wade e dar uma enterrada monstruosa (ele fez isso... duas vezes). Era impressionante como cada vez que o Haslem entrava o Heat parava de ceder rebotes ofensivos (até pegava alguns) e de repente começava a ceder novamente quando o ala-pivô saia. Ele não é alto como o Noah pra jogar de pivô, mas ele tem a mesma energia do branquelo que decidiu o jogo 1 - dessa vez, essa energia foi fundamental para o Heat sair com a vitória.

Se o Eric Spolestra já imaginava que isso fosse acontecer ou só colocou o Haslem por ser um bom reboteiro durante alguns instantes e o plano deu tão certo que ele acabou ganhando mais e mais tempo em quadra, eu não sei. Mas a presença do Haslem, a energia que ele trouxe pro time e a maior variedade de jogadas combinadas do Wade e do Lebron foram os diferenciais nessa partida. Por outro lado, o Bulls decaiu muito depois de um ótimo jogo 1, ninguém realmente jogou bem na segunda partida, o Derrick Rose arremessou demais e infiltrou de menos, o time não conseguiu criar jogadas no ataque e deixou o Heat correr demais por cometer muitos turnovers. É a vez do Bulls fazer seus ajustes pra tentar recuperar o mando de quadra no jogo 3, em Miami. Um bom começo seria arrumar uma forma do Rose jogar mais perto do aro e o Carlos Boozer voltar a aparecer pro jogo, ele tem dois jogos bons na pós temporada e o resto todo foi horrível a ponto dele ter passado todo o quarto período do jogo 2 no banco. Ai é com voce, Tom Thibodeau. Como você vai reagir a isso?

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O melhor alemão da NBA

Não deveria existir um troféu com essa postura de arremesso em bronze?

Depois de onze jogos de pós-temporada até aqui, sendo nove vitórias e muitas, muitas cestas vindo de arremessos tortos, com uma perna só e caindo pra trás enquanto alguém ta tentando impedir, a gente pode dizer com segurança: Dirk Nowitzki é um bom jogador. Existem todo tipo de críticas, de gente que acha tal jogador melhor ou pior, de que ele ta velho, mas não da pra ignorar tudo que ele tem feito nessa pós temporada. O Dallas Mavericks ganhou seus últimos sete jogos, sendo quatro contra o Lakers com direito a uma lavada histórica, e tem sido o time mais consistente e com melhor basquete de toda a pós temporada até aqui.

 E eu pergunto, lembrando dos anos que o Lebron James penou no Cavaliers em busca de um título (sem sucesso) e todo mundo (inclusive eu, não tiro o valor desse argumento) disse que o resto do elenco não tinha nenhum jogador de nível alto capaz de ajudá-lo nas séries disputadas de playoff: Qual jogador do elenco do Mavs é para o Dirk o que todo mundo diz que é necessário para uma estrela ganhar um título? Jason Kidd, um bom armador mas que já está muito além do seu auge e agora é uma ameaça maior arremessando do que passando? Tyson Chandler, um pivô defensivo mas que provavelmente não conseguiria pontuar no 1x1 contra eu ou o Celo? O segundo melhor jogador do Dallas é o Jason Terry, um chutador de três talentoso mas sem cérebro que, no atual adversário Thunder, seria o quarto ou o quinto melhor jogador apenas. Mas o Dallas está lá, ganhando de todo mundo, jogando o melhor basquete da NBA no momento. O elenco pode não ter nenhum coadjuvante de nível alto pro alemão, mas é todo montado com Role Players que fazem bem a sua função, é um time taticamente muito bem desenhado e entrosado onde todo mundo sabe seu papel e tem uma defesa por zona muito forte. Mas no meio de todos esses role players, tem uma peça que faz todo o sistema funcionar: A grande estrela, Dirk Nowitzki.

Eu sou, antes de mais nada, um fã de basquete. Claro que sempre que possível vou torcer para o meu Boston Celtics ganhar, meu sangue de torcedor sempre vai falar alto quando o Boson estiver em quadra. Mas mais do que isso, como um fã de basquete, o que eu quero ver é basquete de melhor qualidade: Séries disputadas ponto a ponto, grandes jogos com três prorrogações, rivalidades intensas e, claro, performances épicas dos grandes jogadores que a Liga tem. E nesses playoffs, uma coisa que não podemos reclamar é de performances épicas. Tivemos, por exemplo, o Chris Paul fazendo 33 pontos com 14 assistências, 7 rebotes, 4 roubos de bola com apenas dois turnovers numa das melhores performances de um armador que eu já vi na minha vida. Tivemos também o histórico quarto período do Brandon Roy no jogo 4 da série contra esse mesmo Mavs quando ele marcou 21 pontos em 12 minutos e 2 segundos pra levar seu time a uma virada sensacional. E ontem, tivemos mais uma das performances que vão ser lembradas como uma das grandes atuações individuais da história dos playoffs, os 48 pontos do Nowitzki em apenas QUINZE arremessos tentados.

Mas o mais interessante é que, por mais impressionantes e dignos de nota que sejam esses 48 pontos (12-15 em FGs, 24/24 em FTs, recorde da história da Liga sem um erro), eles não mostram o quanto o Nowitzki foi bom e importante pro seu time nesse jogo. A contribuição dele pra esse time e essa vitória vai além do que ele fez ao colocar a bola através do aro 36 vezes em 39 arremessos, um aproveitamento de outro mundo (92%), como vamos ver agora.

Sem querer comparar os times em si, mas o ataque do Dallas Mavericks as vezes me lembra muito o ataque do Orlando Magic em 2009, quando eles derrotaram o poderoso Cavs do Lebron e chegaram na final, onde perderam para o Lakers. O ataque daquele time era bem simples, mas o Cavs não achou um jeito de segurar: era o Dwight Howard dentro do garrafão e quatro arremessadores (Rashard Lewis, Hedo Turkoglu, Courtney Lee e Rafer Alston). A bola ia pro Dwight lá dentro, onde o Cavs não tinha nenhum jogador com o físico e a altura pra segurar o pivô, e aí o Cavs dobrava a marcação nele e a bola ia pro perímetro, onde ela rodava até achar um arremessador livre. Foi assim que o Magic teria varrido o Cavs se não fosse por uma bola de três épica do Lebron no último segundo, e de certa forma até hoje o Magic joga com uma variação desse esquema, só que foi eliminado nos últimos dois anos justamente porque seus adversários entenderam que o melhor a fazer era deixar o Dwight pontuar no 1x1 dentro do garrafão pra não deixar os arremessadores de três do time entrarem em ritmo.

O ataque do Mavs é bem parecido porque eles muitas vezes acionam o Dirk Nowitzki no garrafão de costas pra cesta, de onde ele é capaz de pontuar em cima de qualquer defensor do mundo nas jogadas de isolação. Se a defesa ameaça dobrar em cima dele, ele usa sua altura e bom passe pra jogar a bola no perímetro, onde o Mavs usa sua ótima rotação de bola pra achar um arremessador livre de três. A diferença é que o Mavs é um time com jogadores mais versáteis e atléticos, como por exemplo o Shawn Marion, e por isso o Dallas não depende apenas dos arremessos de três nas rotações, porque eles também tem jogadores cortando para a cesta para dar a opção. Além disso, o Nowitzki não só é muito melhor que o Dwight criando o seu arremesso e acertando lances livres como também é muito melhor passando a bola. O sistema é parecido, mas o do Mavs é muito mais eficiente e elaborado.

O jogo de ontem foi um exemplo de como a presença do Nowitzki no garrafão ajuda a abrir todo o resto do time. No começo do jogo, o Dirk ficou no mano a mano e começou acertando todos os arremessos, e o jogo estava equilibrado. Quando ele sentou pra descansar, o Thunder pulou na frente, controlou o jogo e o ataque do Mavs se perdeu, o time não conseguia atacar a cesta e nem chutar de três. O alemão voltou, mas o Thunder fechou o primeiro quarto 7 pontos à frente, com o Dallas só marcando 20 pontos.

No segundo quarto, a história inverteu. O Dallas começou a acionar ainda mais o Nowitzki e ele continuou pontuando por cima de qualquer marcador. O Thunder, então, começou a dobrar a marcação no alemão. Foi aí que ele começou a soltar a bola pro perímetro e o time começou a achar suas bolas de três, uma vez, duas vezes, até que o time entrou no seu ritmo de longa distância e começou a controlar o jogo.

 Isso foi decisivo para o jogo todo. O Thunder tentou parar o Nowitzki individualmente usando todos os tipos de marcadores: Serge Ibaka tentou e não conseguiu marcar o repertório de jogadas do alemão, ele joga muito melhor cobrindo o aro do que no um contra um, e saiu logo no começo do terceiro quarto com quatro faltas. Seu reserva, Nick Collison, até fez um bom trabalho, mas também acabou cometendo muitas faltas quando o Nowitzki procurava o contato de costas e girava em direção ao aro e sentou com quatro faltas logo depois do Ibaka. O Thunder tentou o Kendrick Perkins, o Thabo Sefolosha, o Kevin Durant e até o James Harden, mas nenhum teve sucesso: Perkins não conseguia marcar os arremessos e caia em todos os fakes, Sefolosha e Harden eram baixos demais e levavam bola por cima o dia todo, e o Durant não aguentou quando o Nowitzki começou a procurar contato e cometeu mais faltas. Incapaz de marcar o Nowitzki, o alemão acertou seus arremessos, achou seu ritmo e foi pra linha do lance livre 24 vezes, acertando essas 24.

Quando o Thunder dobrou, o Nowitzki jogou a bola pro perímetro, a bola rodou e chegou nos marcadores livres, um bom exemplo é que o Nowitzki terminou com mais assistências (4) do que o Russell Westbrook (3), e se na NBA se contassem assistências como no hockey (onde o passe que leva à assistência direta também é uma assistência) ele provavelmente teria um double double. O jogo foi decidido porque o Nowitzki soube usar os dois lados desse padrão tático: no final do jogo, quando a diferença começou a apertar, ele foi lá e arremessou por cima do Ibaka ou cavou faltas. Nos últimos 30 segundos, quando a diferença também estava apertada, ele recebeu a bola, atraiu a dobra na marcação e tocou pro Jason Terry acertar a bola fatal de três do perímetro. A simples presença do Nowitzki atraiu a atenção e a marcação da defesa do Thunder e permitiu que o time espalhasse seus arremessadores ou infiltrasse enquanto todo mundo tava mais preocupado com o alemão. Além dos seus 48 pontos, ele foi o responsável por abrir o perímetro e até o garrafão quando atraía dobras de marcação ou simplesmente porque tava todo mundo com medo de deixar o alemão sozinho. E, quando isso aconteceu, ele foi lá e encaixou dois pontos na fuça do Thunder. Bem feito, quem mandou deixar Seattle?

Além disso, essa performance teve outro lado interessante: o Nowitzki acertar 12 de 15 arremessos é impressionante por si só, ainda mais vendo os arremessos que ele costuma dar (caindo pra trás, com uma perna só, marcado, torto, sem as mãos, de olhos fechados, etc). Mas o impressionante é que se formos ver os arremessos que ele tentou - tirando as faltas cavadas - foram todos arremessos que ele gosta de dar, que ele se sente confortável. Entrem no youtube, achem um vídeo com todos os 15 arremessos dele no jogo e tentem achar um que tenha sido forçado, e vocês não vão conseguir. Ele não força arremessos, ele sempre busca receber a bola nas suas zonas de conforto. Se não recebe, ele devolve a bola pro perímetro enquanto vai tentar achar seu lugar na lateral do garrafão, onde ele não erra. Todos os seus arremessos foram próximos ao garrafão, a maioria do lado direito dele. Essa seleção em arremessos é algo que contribui não só pra aumentar sua porcentagem de arremessos como evita disperdícios de posse de bola e rebotes que possam virar contra ataques para o Westbrook. Essa eficiência é marca registrada do alemão, ele leva isso de várias formas para o seu time, não apenas pontuando. E por isso o Dallas Mavericks tem sido o melhor time dos playoffs até aqui..

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Preview - Oklahoma City Thunder vs Dallas Mavericks


O grande problema do Durant é não usar mais essa camisa verde

Parece que os técnicos de dois dos times mais baladados da Liga ao final da temporada regular, Tom Thibodeau e Scott Brooks, ligaram um para o outro antes do começo dos playoffs e tiveram o seguinte diálogo:

- Ei Thibs, acho que somos dois dos favoritos ao título.

- Graças ao Danny Ainge, não?

- Com certeza. Mas eu tava pensando, a gente não pode entregar o outro jogando muito bem logo de cara. Que tal deixar pra jogar pra valer só no último jogo da semifinal de conferência, e dai só continuar?

- Parece interessante. Aceito se você me trocar o Nate Robinson por uma escolha de segunda rodada.

- Feito

(Agora, se o Nate Robinson REALMENTE for trocado, vocês já sabem o que aconteceu).

Por mais idiota que isso seja, tanto Bulls como Thunder parece que realmente estavam guardando o ouro. Os times não jogaram MAL exatamente, principalmente o Thunder, mas nenhum mostrou consistentemente o basquete que fez desses dois times favoritos. Até que, no último jogo da segunda fase, o jogo que garantiu a classificação de ambos, foi uma aula de tudo que esses times são capazes de fazer, eles dominaram completamente seus adversários e o Bulls inclusive levou isso ao próximo nível com uma surra em cima do Miami Heat. A vitória do Thunder no jogo sete da série, sobre a qual eu falei no post imediatamente abaixo desse, foi uma mostra de tudo que a gente sabia que eles tinham de bom e perigoso e pareciam incapazes de demonstrar direito até agora: O Kevin Durant acertando arremessos de qualquer lugar, o Russell Westbrook mais armando e defendendo do que tentando forçar arremessos e pontuando quando a chance aparecesse, as bolas de três caindo e a defesa de garrafão fortíssima levando a pontos de transição. Foi um jogo fácil, o Thunder teve controle do começo ao fim e agora, cansado, vai pegar um time descansado e talvez com menos ritmo, o Dallas Mavericks, um time cujo maior trabalho nos últimos dias foi torcer por uma perna quebrada do Durant ou do Zach Randolph.

Essa classificação muito antecipada do Dallas Mavericks e o seu período de descanso levantam uma velha questão acerca das varridas: Um time que fica tanto tempo sem jogar acaba por perder o ritmo? Eu não sei, acho que depende muito de time pra time, mas acho que o mais importante pro Dallas é o seu período de descanso. O Mavs é um time vovô no meio dos pirralhos, sentiu muito o peso da idade no final da temporada regular, e esses dias de descanso com certeza vão ajudar o time a ter perna pra aguentar a correria do Thunder, um Thunder que está vindo de sete jogos e quatro prorrogações, apensar de ser bem mais jovem.

O engraçado dessa série é que as melhores características defensivas dessa série não vão ser utilizadas à sua máxima eficiência. Tanto Thunder como Mavericks chegaram até aqui com base na sua fortíssima defesa de garrafão, seja devido ao combo Serge Ibaka e Kendrick Perkins no caso do Thunder ou graças a uma defesa por zona e o Tyson Chandler cobrindo a cesta. O Thunder usou essa defesa pra segurar o mais forte garrafão do Grizzlies quando a coisa apertou e o Mavs massacrou o Lakers e passou pelo Blazers porque nenhum deles conseguiu jogar com segurança na área pintada. Mas nesse caso, nem o Thunder, que vive mais dos arremessos de meia e longa distância e não tem um pontuador consistente no garrafão, e muito menos o Mavs, que vive das suas bolas de três e seu melhor jogador de garrafão, o Dirk Nowitzki, prefere muito mais arremessar de fora dele e com o Caron Butler machucado o time não tem ninguém que parta pra dentro e cave muitas faltas com consistência. 

Claro que infiltrações fazem parte de qualquer jogo e qualquer equipe, haverá infiltrações, tocos e um time que consiga fazer isso vai ter uma certa vantagem, mas não vejo nenhum desses dois times com o jogo perto do aro como sua característica ofensiva de forma que essas defesas forcem o outro time a alterar drasticamente seu plano de jogo. O que pode pesar é se o Dallas começar a perder muitos rebotes pro garrafão do Thunder, o garrafão do Mavericks é forte defensivamente por causa da zona e as vezes deixa a desejar nos rebotes, enquanto o do Thunder é forte por puro bife e atleticismo (Serge 'Bill Russell' Ibaka é um bom exemplo disso) e pega mais rebotes, mas se o Dallas conseguir manter o controle dos rebotes defensivos, não deve ter maiores problemas.

Por isso, a série deve ser decidida por quem conseguir explorar melhor seus pontos fracos. Eu duvido que o Jason Kidd consiga marcar eficientemente o Westbrook por muito tempo, por exemplo, mas a questão é o que o Westbrook vai fazer com essa vantagem: O Kobe, que também foi marcado pelo Kidd, driblava pro lado e dava um arremesso de meia distância, o que foi péssimo pro Lakers na série. Se o Westbrook continuar jogando sem pensar como fez até demais contra Memphis, ele provavelmente vai querer decidir tudo sozinho e isso vai render um arremesso forçado ou vai forçar demais a infiltração até cometer um turnover. Se ele usar a sua vantagem sobre o Kidd pra abrir espaços e ai acionar seus companheiros como fez no jogo sete, então é o matchup a ser explorado pelo Thunder. Também tem o fato de que o Mavericks não tem um marcador para o Durant. Quem marcou o ala melhor na semifinal foi o Tony Allen, não o Shane Battier, simplesmente porque o Battier - assim como o melhor marcador individual do Dallas, o Shawn Marion - tem como característica colar em quem está marcando, não deixar ele se mexer, é um marcador muito técnico. Mas o Durant simplesmente vai pegar a bola contra um marcador assim, arremessar por cima usando sua altura e envergadura ou vai aproveitar da sua velocidade pra abrir espaço. O Tony Allen marcou o Durant de outra forma, usando seu atleticismo pra ser um tremendo pentelho que não deixou o Durant pegar na bola, quando ele finalmente tinha espaço pra pegar na bola ele estava muito atrás da linha dos três, onde não podia arremessar. E eu não sei se o Mavericks tem um marcador com essas características, talvez o Corey Brewer possa fazer esse papel.

Por outro lado, por melhor que seja a defesa de garrafão do Thunder, eles não tem um marcador para o Nowitzki. O Perkins é ótimo marcando jogadores próximos à cesta, mas se for marcar os arremessos impossíveis de meia distância do alemão ele é um inútil e ainda vai dar a chance do Chandler pegar rebotes de ataque. Já o Ibaka é ótimo defensor próximo do aro, mas não tem a experiência pra marcar o alemão fora do garrafão no 1 a 1. A melhor forma de marcar o Dirk é colar nele, não dar espaço pra ele arremessar e forçar ele a bater pra dentro, onde o Ibaka ou o Perkins estaria esperando, ou a passar a bola pra alguém menos perigoso. Mas o Thunder não tem um marcador assim, como o Bruce Bowen tanto fez, por exemplo, e o Ron Artest poderia eventualmente fazer. A melhor opção aqui deve ser o Nick Collison e depois trocar de marcador o tempo todo pra confundir o alemão. Tirar ele do seu jogo é a melhor forma de segurar o Mavericks. Mas se fosse fácil, já teriam feito isso a anos, e atualmente talvez ele tenha o arremesso mais imparável da Liga.

Em resumo, são dois times que vão ter condições de explorar seus pontos fortes e não vão ter que, num primeiro momento, alterar o plano de jogo drasticamente. Essa é uma série que vai exigir muitos ajustes jogo a jogo e realmente não tem um favorito. Talvez, no final das contas, tudo se resuma ao seguinte: Quem vai ser melhor na série: Durant ou Nowitzki? Meu voto, por tudo que fez até aqui, vai pro alemão. Mas por pouco...

domingo, 15 de maio de 2011

A série que não quer acabar


Randolph e Durant num momento de união para secar a torcedora

Se alguém me falasse, dois anos atrás, que eu estaria vendo uma série fantástica de playoffs entre Thunder e Grizzlies, com direito a prorrogações, vários jogos com viradas espetaculares e sete jogos valendo vaga na final do Oeste, eu provavelmente teria achado que a pessoa bebeu demais, e não me refiro a simples cervejas. Dois anos atrás, Grizzlies tava tentando explicar a troca do Pau Gasol enquanto perdia tudo quanto era jogo, o Thunder foi um dos piores times da Liga, e ninguém imaginava que em apenas dois anos seriam dois dos mais temidos times do Oeste. E agora, apenas dois anos depois, estamos num jogo sete de uma série intensa entre esses dois.

E realmente, já tivemos de tudo. No começo, eu disse que os dois primeiros jogos foram previsíveis porque, conforme eu tinha dito no preview da série, a chave para vencer era dominar o garrafão, porque foi assim que o Grizzlies eliminou o Spurs e era sua principal arma, enquanto o Thunder tinha um fortíssimo garrafão defensivo. Eu disse que a série iria para quem conseguisse se impor nesse duelo: o ataque do Grizzlies ou a defesa do Thunder, sempre dentro da área pintada.

Mas nessa série, não só nenhum time tem sido capaz de dominar a região próxima ao aro por muito tempo como cada vez mais um jogador aleatório, um fator aleatório, surge para dominar um certo jogo. Ou pra atrapalhar, afinal tivemos três vezes nessa série um time mais de 10 pontos na frente tomando a virada no final. A série ta alucinante, vai acabar hoje no jogo sete e, realmente, não deve nada a nenhuma outra série.

E cada vez que parece que um time vai engrenar, vai tomar a vantagem da série pra si, o outro time vai lá e impede, empata a série e voltamos pra estaca zero. É uma série entre dois times jovens e obstinados, as vezes decidida mais na vontade do que na técnica e as vezes, na imaturidade de ambos os times, que chegam pela primeira vez numa semifinal de conferência e de vez em quando parecem perdidos em quadra, como quem chega num lugar e se pergunta "Que diabos é pra eu fazer??"

Um exemplo disso é o jogo três, em Memphis. A série estava empatada em 1 a 1 e o Thunder precisava ganhar um dos dois jogos fora de casa pra recuperar o mando de quadra. O Thunder fez ótima partida e abriu 16 pontos de vantagem no final do terceiro período, entrando no quarto  13 pontos na frente. Mas no quarto período, o Thunder simplesmente sofreu uma pane, só marcou 10 pontos em TODO o período, uma coisa ridícula pro time que tem o cestinha da Liga, e tomou o empate do Grizzlies pra perder em overtime. O time começou a sofrer pressão do Grizzlies em contra ataques rápidos e foi incapaz de desacelerar o seu jogo e criar boas oportunidades. O Russell Westbrook não achou o Kevin Durant na hora de decidir, um demérito dos dois, já que o Durant não conseguiu se livrar da marcação do Tony Allen a não ser muito atrás da linha de três pontos (de onde ele até tentou um arremesso, errado) e o Westbrook não conseguiu achar nenhum companheiro e ficou forçando arremessos idiotas até o Grizz finalmente empatar. O Scott Brooks também não ajudou mantendo o Thabo Sefolosha em quadra e o James Harden no banco, e um exemplo disso é que no overtime, assim que entrou, Harden infiltrou na defesa e deu duas assistências pro Nick Collison embaixo da cesta, nas duas primeiras posses de bola do Thunder. O Thunder não soube o que fazer, se viu pressionado e permitiu que isso atrapalhasse o time na hora de jogar com calma, típico de times inexperientes.

Pra exemplificar com o meu técnico preferido em todo o universo, é o tipo de coisa que os times do Phil Jackson aprendem na marra. O Jackson, quando vê seu time acuado, pressionado, numa sequência ruim, NUNCA pede tempo, nunca para o jogo. Na sua filosofia - que se reflete no esquema de triângulos que, embora não seja criação dele, representa muito bem toda a filosofia de basquete dele - os jogadores são capazes de reagir a qualquer tipo de situação no jogo, seja uma mudança no posicionamento da defesa (O esquema de triângulos não tem muitas jogadas desenhadas, é uma forma de movimentação na qual o ataque reage às movimentações da defesa) seja uma sequencia ruim, e por isso ele não pede tempo para que os jogadores saiam dessa sozinhos. E quando saem, a confiança e capacidade dos jogadores de enfrentar essas situações cresce absurdamente. O Thunder não passou por uma coisa dessas, não superou uma coisa dessas, e não sabia como fazer.

Daí tivemos o já clássico jogo quatro, com o Memphis (que ainda não tinha perdido em casa na pós temporada) querendo abrir 3 a 1 e deixar sua situação mais confortável. Nesse jogo, com três prorrogações, o Grizzlies jogava desesperadamente pra ficar confortável na série e o Thunder jogava desesperadamente pra evitar que isso acontecesse e recuperar o mando de quadra. O Thunder jogou como pode com Durant, Westbrook e Harden, mas foi totalmente dominado no garrafão por Zach Randolph e Marc Gasol, que pontuaram feito malucos, pegaram quatrocentos rebotes (37 no total, sendo 18 de ataque) juntos, mas mesmo assim o Thunder chegou no final da partida vencendo por três, até que uma bola muito forçada de três do Mike Conley mandou o jogo pra prorrogação, outra do Greivez Vasquez (Que ta mostrando que tem basquete pra ser reserva do Conley) mais forçada ainda mandou o jogo pra seguinda prorrogação, mas o Thunder mostrou que aprendeu a lição do jogo três, não perdeu o ímpeto nem se deixou abalar e continuou pontuando consistentemente.

O Thunder também contou com o fato de que no final da partida nem o Z-Bo nem o Gasol conseguiam sequer levantar os braços, tavam tão cansados de pontuarem na trombada e pegarem rebotes de ataque que estavam totalmente esgotados e incapazes de pontuar ou pegar rebotes na terceira prorrogação. O jogo físico do garrafão, a movimentação e trombadas pra pegar rebotes ofensivos, desgasta demais um jogador, e esses dois não conseguiam fazer mais nada no final, e como o Grizzlies sem Rudy Gay depende demais do seu garrafão pra criar os arremessos, o time ficou sem conseguir pontuar direito. O jogo cinco também foi decidido assim, porque o garrafão do Grizzlies ainda não estava recuperado, não conseguiu iniciar os ataques nem ser a bola de segurança do time e o Thunder passeou, Memphis fez só 72 pontos.

E no jogo seis, de volta pra Memphis e a chance do Thunder de fechar a série, o Grizzlies simplesmente não foi capaz de perder. O time tava tomando um passeio do Durant, até que uma falta de ataque cavada inteligentemente pelo Conley fez o ala sair com duas faltas e numa mais recuperou seu ritmo. Mas o Thunder aproveitou o bom momento de Harden e Westbrook pra abrir vantagem, e já tinha aberto 13 pontos de vantagem a segundos do final do segundo quarto e estava com o momento a seu favor, até que o Shane Battier acertou uma bola de três no estouro do cronômetro pra trazer a diferença pra 10 e o momento de volta pro Grizzlies. No segundo tempo, o Grizzlies voltou com sangue nos olhos, roubou bolas, acertou os contra ataques e o Zach Randolph mais uma vez comeu o garrafão do Thunder com farinha e água e acertou tudo no segundo tempo pra terminar o jogo com 30 pontos. O Thunder não se recuperou, o Memphis continuou sufocando o adversário e no final administrou a vantagem pra levar o jogo pro jogo sete decisivo, hoje, 4:30 da tarde.

Não da pra simplesmente falar do quanto esse jogo é importante. Se por um lado são duas franquias jovens, com dois times jovens e que tem muitas chances de chegarem novamente longe nos playoffs nos anos que estão por vir (Não duvido nem um pouco de ver esses dois times reeditando essa série numa final de conferência), também não da pra negar que esse é o jogo mais importante das duas franquias até aqui em sua curta vida. O time que vencer o jogo sete vai pra final de conferência com totais condições de derrotar o Mavericks (ainda que não seja o favorito), e pode até ter uma chance real de título. Jogadores como Durant, Westbrook, Conley, Harden, Serge Ibaka, Marc Gasol e OJ Mayo estão prestes a jogar o jogo mais importante de suas jovens carreiras, enquanto outros mais veteranos como Randolph e até o Shane Battier também tem o jogo mais importante hoje a tarde. E pela vontade que ambos os times tão demonstrando, esse jogo sete vai pegar fogo, porque por mais que o futuro seja brilhante pra esses dois times, os dois sabem que tem time pra vencer agora.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Preview - Chicago Bulls vs Miami Heat


Lebron está querendo vingança pelo atropelo até hoje

Ontem, de uma vez por todas, o Chicago Bulls terminou de despachar o Atlanta Hawks em seis jogos. E apesar do Bulls ser mais time do que o Hawks, eles tiveram muitos problemas pra fechar a série - assim como tiveram contra o Pacers. E por mais que o Hawks tenha feito um bom playoff e não seja um time horrível, Atlanta não era um time pra ter dado toda essa canseira no Bulls, nem o Hawks, nem o Pacers e nem nenhum time do Leste não chamado 'Heat' ou 'Celtics'.

Mas então, porque diabos essa série foi tão difícil e disputada?

Bom, primeiro porque o Bulls não foi o Bulls a temporada toda. O time da temporada regular era um time com um garrafão muito forte, defesa sufocante, com o Derrick Rose infiltrando e pontuando feito um maluco pra abrir tudo pros chutes de meia distância de Luol Deng e Carlos Boozer e eventuais bolas de três do Kyle Korver ou até mesmo do Keith Bogans (toc toc toc!). Mas nessa série o Bulls não foi o Bulls defensivamente falando. Não é coincidência que as duas únicas vezes que o Hawks venceu foi quando passou dos 100 pontos, nas quatro derrotas o maior placar foi 83 pontos no jogo 5, que sim, foi um massacre. O Bulls foi inconsistente demais, em alguns jogos tomava um sufoco do Josh Smith indo pra cima do Boozer, que aliás jogou muito mal os cinco primeiros jogos, e no outro não deixava o Hawks respirar, forçava turnovers e mantinha o adversário abaixo dos 80 pontos.

Segundo, por questões individuais imprevisíveis e inexplicáveis, leia-se Boozer e Jeff Teague. O Boozer jogou muito mal, não fez nada no ataque, foi um cone na defesa e chegou a perder minutos em quartos períodos para o Taj Gibson, que defende bem melhor e faz o trabalho sujo embaixo da cesta. Ele só jogou bem no jogo seis, quando reboteou muito bem, acertou seus arremessos altíssimos de meia distância, pontuou no garrafão e fez a vida do Derrick Rose muito mais fácil - e vice versa. Mas nos outro cinco jogos, o Boozer foi um peso morto em quadra, não serviu pra tirar a necessidade de pontuar das costas do Rose e foi um buraco na defesa do time, e o Joakim Noah nem sempre foi capaz de cobrir o buraco, já que também teve uma série bem inconstante. E também o Hawks ganhou uma bela adição com o Teague, que só jogou pela lesão do Kirk Hinrich mas foi um dos melhores jogadores de Atlanta na série, jogou bem no ataque, infiltrou, e foi responsável direto pela vitória do Hawks no jogo quatro depois de acabar com o Rose.

E por fim, o maior problema do Bulls: Nenhum dos jogadores - em especial o Boozer - apareceu pro jogo pra aliviar o Rose de forma consistente, e o Rose não é o melhor armador do mundo quando a questão é envolver seus companheiros. Isso forçou o Rose a ficar mais com a bola do que deveria, o que as vezes gerava 44 pontos e outras gerava 8 turnovers. Mas no final, o maior talento do Bulls prevaleceu, o Rose era o melhor jogador da série, e o Bulls jogou seu melhor jogo na pós temporada até o momento pra fechar no jogo seis: Defesa muito forte, Boozer e Deng aliviando a vida do Rose, que pontuou e distribuiu como quis, desmontou a defesa e dominou o jogo. Esse é o Bulls da temporada regular que a gente tava esperando.

Dito isso, eu meu principal palpite para essa série é simples: Vai ser uma série de placares baixos, não nos moldes de Pistons vs Pacers do começo da década passada, mas não espero times frequentemente passando dos 95 pontos. São dois times de defesa muito truncada, e a série vai ser decidida nos detalhes. O Heat tem que explorar as falhas que Hawks e Pacers expuseram para o mundo, algumas delas eu citei acima, para tirar o Bulls do seu jogo, e isso pode ser feito de duas formas: Parando o Derrick Rose ou parando todo o resto.

Lembro que num post do Bill Simmons ele comenta sobre a Lei dos Caras em Excesso (Law of Too Many Guys, a tradução tosca é de minha autoria). Resumidissimamente, e tendo em mente que isso é uma situação genérica e hipotética, ela diz que um time deve ser composto de cinco jogadores: Um jogador pra controlar a bola (ball handler), dois pontuadores, um defensor de perímetro e um reboteiro. O exemplo que ele usa é o Rockets que ganhou 22 jogos seguidos: Rafer Alston era o ball handler, Tracy McGrady e Luis Scola os pontuadores, Shane Battier o defensor de perímetro e Dikembe Mutombo o reboteiro. O que à primeira vista pode parecer bom para o Bulls, já que eles teriam um ball handler no Rose, pontuadores no Boozer e no Deng, um defensor de perímetro no Bogans e um reboteiro no Noah, na verdade engana: O Rose não é um ball handler, ele é um pontuador, e pra isso funcionar melhor o time precisaria de outro jogador que assumisse o papel de ball handler quando o Rose fosse fazer mais o papel de pontuador, mais ou menos como o Brandon Roy volta e meia fazia no Blazers. E essa falta - a maior fraqueza do Bulls - é o que o Heat tem que explorar. Ou você tira a bola das mãos do Rose, ou voce deixa com ele o tempo todo. Ele vai fazer 40 pontos, mas se ele não tiver pra quem passar ele também vai cometer muitos turnovers e o Heat vai ter o controle do jogo.

Já o Bulls tem uma vantagem que nenhum adversário do Heat teve nos playoffs até aqui, que é um garrafão forte. A principal forma de pontuação do Heat ao longo dos playoffs são os pontos no garrafão com Dwyane Wade e Lebron James, e a incapacidade de Boston e Sixers em parar esse tipo de jogada foi o que os levou à derrota. Quando um time congestiona o garrafão com força bruta e boa defesa (por zona, por exemplo, funciona muito bem) e força o Miami Heat a chutar de fora, ele ainda é perigoso, mas muito menos do que se o Wade e o Lebron tiverem caminho livre até a cesta o dia todo. Na temporada regular, isso funcionou e muito bem pro Bulls, que ganhou os três confrontos, mas por outro lado o Heat é um time que cresceu nos playoffs e o Bulls não, então não da pra garantir que o Bulls consiga fechar o garrafão daquela forma novamente.

No final, o Bulls parece ter uma leve vantagem se conseguir jogar seu melhor basquete: Tem um garrafão forte e um armador, pra tirar vantagem da falta de um jogador da posição em Miami. Provavelmente o Wade vai ser encarregado de marcar o Rose, mas isso pode ter outro efeito, se o Wade se cansar demais ele pode perder eficiência no ataque e o Miami está dependendo absurdamente da sua dupla de ouro, então isso pode comprometer o ataque do Miami. Por outro lado, se o Mike Bibby for encarregado de marcar o armador do Bulls, a chance dele dominar a série é enorme, até porque o Heat não tem uma grande presença no garrafão pra parar o Rose quando ele chegar lá dentro, o Joel Anthony tem jogado bem, mas... é o Joel Anthony. Vamos ver o que o Eric Spolestra vai tentar aqui, eu começaria com o Mario Chalmers.

Ou seja, vai ser uma série parelha, de muita defesa, com três dos melhores jogadores do mundo em quadra com dois times jovens que estão tentando começar sua história. Foram os dois melhores times do Leste durante a temporada regular, e vale vaga na final. Precisa de mais alguma coisa?? Série imperdível, sem palpite pra ela, apenas assistam a todos os jogos que puderem e torçam para sete jogos e 14 prorrogações!!

quinta-feira, 12 de maio de 2011

New Power Generation

Antes que alguém entenda errado, o título do post de hoje é uma apologia ao mangá de basquete Slam Dunk, e não ao cantor Prince.

Troco uma camisa do TM Warning por essa da foto

E o inevitável aconteceu, o Boston Celtics foi eliminado pelo Miami Heat no que muita gente tá chamando de o fim do Celtics. Eu falei muito (muito mesmo) dessa série ao longo da dita cuja porque era a que atraia mais interesse, mais grandes nomes do basquete e também mais rivalidade. Eu falei muito já sobre como o Celtics perdeu essa série, por exemplo aqui e aqui, dos problemas que o Celtics vinha enfrentando e de como o Heat tirou vantagem disso.

 Ontem, no jogo cinco, o Boston jogou bem, dominou a maior parte do jogo, conseguiu superar quase todas suas dificuldades tirando aquelas além do seu controle (Leia-se a perna do Shaq e o braço do Rajon Rondo) e perdeu, simplesmente, porque um time tem Lebron James e Dwyane Wade e o outro não. Mais do que outra coisa, talento individual decidiu essa partida: No final do jogo, sem o seu armador, o Boston não conseguiu armar jogadas, forçou arremessos e não conseguiu cestas. O Heat, que não tem um armador, não conseguiu criar jogadas, colocou a bola na mão do Lebron, que também forçou arremessos... que cairam, foram 10 pontos seguidos pra ele e junto à performance incrível do Wade os dois levaram o Heat à vitória. O Boston vai falar que teve a troca do Kendrick Perkins, que o Shaq e o Rondo estiveram machucados, mas lesões e trocas idiotas fazem parte do jogo, todo time está sujeito a elas quando entra em quadra. As lesões, a troca, essas coisas aconteceram e atrapalharam, mas como um time que está sujeito a isso ele tem que saber extrair o melhor do que lhes sobra para um jogo. E nessas circunstâncias, o Miami Heat foi o melhor time da série, jogou muito bem, contou com ótimas atuações das suas duas estrelas e mereceu avançar à final.

E com esse, o trio de times idosos que dominaram a NBA em tempos recentes está fora do campeonato: San Antonio Spurs, Los Angeles Lakers e, claro, Boston Celtics.

Pra se ter uma ideia melhor de como esses times foram dominantes, basta citar que, à excessão de 2006, esse é o primeiro ano desde 1999 (!!) que o campeão do Oeste não vai ser nenhuma das duas equipes! O Spurs ganhou em 99, 2003, 2005 e 2007,  e o Lakers em 2000, 2001, 2002, 2004, 2008, 2009 e 2010. Nesse período, o Spurs ganhou quatro títulos e o Lakers cinco. É inegável que esses foram os dois maiores bichos papões da década, times sólidos, com uma base semelhante e que com o tempo foram fazendo da sua experiencia mais uma arma mortal. O Celtics é novo nesse patamar, o time só foi montado em 2008, mas duas Finais, um título e um playoff sem Kevin Garnett onde deram muito trabalho pro eventual campeão de Conferência Magic não é um resumo que deixe de colocar medo, até porque o time pode jogar junto há pouco tempo mas seu núcleo, o Big Three, era formado por jogadores rodados e experientes.

Mas em 2011, as coisas parecem diferentes. O Grizzlies, nova força do Oeste (é sério!), eliminou o Spurs com autoridade na primeira rodada. O Lakers foi varrido na segunda. E o Celtics acabou de tomar 4-1, sendo dominado a maior parte da série, contra o Miami Heat. A experiencia pareceu estar distante desses times ao longo das séries: pelo contrário, em muitos momentos pareciam um bando de pirralhos perdidos, sem achar uma solução pros problemas. E como muitos viam as temporadas de Celtics e Spurs como as últimas chances dos seus elencos de um título, e como o Phil Jackson talvez aposente, muitos estão falando (com algum exagero) que esses três times veteranos, com jogadores veteranos e históricos como Tim Duncan, Manu Ginobili, Kobe Bryant, Kevin Garnett e Shaquille O'Neal, estão saindo do topo das suas conferências, sem grandes chances de uma volta por cima. E, simbolicamente, a eliminação desses times representa a passagem de tocha da geração antiga para a geração atual.

Claro que descartar esses três times é um exagero, mas o fato é que eles estão em decadência a cada ano pela sua idade e de repente a NBA parece estar começando a ser dominada por uma geração mais nova. O Miami Heat, que tratorizou o Celtics, é liderado por duas superestrelas no seu auge, Lebron e Wade. O Grizzlies é um time jovem, em evolução, e que se o Zach Randolph mantiver a boa forma pode brigar por título seriamente por mais vários anos. O Thunder é uma aberração cujo quarteto principal tirando o Perkins tem média de 22 anos de idade. O Bulls é outro time jovem com o MVP mais jovem da história da Liga e que ainda tem muito a evoluir. O Hawks não é necessariamente um time novo, mas também não é velho, ainda tem bons jogadores jovens se desenvolvendo como Al Horford e Jeff Teague. Ou seja, os principais times dos playoffs dessa temporada são times jovens, com estrelas ainda em evolução ou no seu auge, e que podem dominar a Liga por anos a fio (tirando o Hawks... foi mal, mas não da pra levar esse time a sério).

Curiosamente, o time veterano que está estragando a brincadeira dos pirralhos é justamente o Dallas Mavericks, único time do Oeste a quebrar a hegemonia Lakers-Spurs desde 1999 (No caso, em 2006, quando perdeu a final para o... Heat). Tirando o Dirk Nowitzki (Cujo auge parece que não vai passar nunca), o Roddy Beaubois (Que ta só começando) e talvez o Tyson Chandler, todo mundo no time já passou entre dois a dez anos do seu auge. É um time cheio de velhotes, que as vezes deixam a desejar na parte física, mas também é o time que mais tem conseguido fazer uso da sua experiencia contra os outros times. A defesa do time é muito forte, o Dirk Nowitzki é uma superestrela, o time teve tempo pra descansar desde a varrida sobre Los Angeles e vem forte pra tentar chegar a mais uma final.

Eu sei que no mundo do basquete existe muito saudosismo. Muita gente que viu jogadores com Larry Bird, Magic Johnson, Michael Jordan, Hakeem Olajuwon, Karl Malone, ou mesmo Shaq, Kobe, Duncan e Garnett no auge, as vezes prefere ficar lembrando desses jogadores do que aproveitar o que a gente tem hoje. Talvez as décadas de 80/90 tenham sido as décadas de ouro do basquete, mas isso não quer dizer que a gente não tenha jogadores interessantes hoje em dia, empolgantes, que valha a pena acompanhar e torcer. Esses playoffs estão tentando jogar na nossa cara (talvez eles estejam errados, talvez não...) justamente que esses times de velhotes estão ficando pra trás, que a nova geração ta tomando conta da NBA. Estrelas como Kevin Durant, Lebron, Chris Paul, Derrick Rose, Rudy Gay, Deron Williams, Dwight Howard, Dwyane Wade, estão tomando seu lugar na Liga, os times montados com jogadores jovens estão crescendo, enquanto os times velhos e experientes que por tanto tempo dominaram a Liga estão começando a sentir o peso da idade. Não tem nada de errado em ficar triste pela aposentadoria do Shaq, pelo fim da Era Phil Jackson em Los Angeles, pela decadência dos times de craques como os que eu citei antes, eu mesmo sei que vou chorar feito uma mocinha quando o Steve Nash aposentar. Mas o que a gente não pode é deixar esse saudosismo impedir a gente de aproveitar as coisas boas que temos agora: Os arremessos do Durant, as enterradas do Blake Griffin, o Rose fazendo miséria, etc. Porque a verdade é que essa geração já ta aí, batendo na porta, pronta pra entrar e assumir seu lugar. E depois de ver Grizzlies e Thunder, duas novas potencias, jogando três prorrogações insanas, eu garanto que vocês não vão querer perder isso.