Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mock Draft 2.0 - Versão final

A alegria de ser o primeiro escolhido no Draft


Como o assunto hoje é futebol americano, primeiro tenho que soltar uma informação importante. Lembram quando eu falei da decisão da Juiza Susan Nelson de suspender o lockout da NFL, que eu disse que a NFL pediu um adiamento da medida para esperar o jugamento do recurso com o lockout ainda funcionando? Bom, ontem a Juiza deu seu parecer na questão e negou o adiamento, e portanto a medida passa a funcionar imediatamente e o lockout está suspenso. Agora a NFL vai ter que conduzir as negociações enquanto espera a apelação na Oitava Corte sem essa carta, então a situação complicou um pouco para a Liga, até porque no seu parecer a Juiza reforçou ainda mais os já fortes argumentos anteriores, o que pode prejudicar seu julgamento de recurso. Agora a NFL deve criar regras temporárias para a Free Agency, que foi ordenada a começar imediatamente pela Juiza, ainda que ela tenha ressaltado que nenhum time é obrigado a assinar free agents, e esperar pra ver como as coisas acontecem.



Segundo, vamos falar do assunto em questão: Draft. Hoje acontece a primeira rodada do Draft, com transmissão da ESPN, 9h da noite. A gente já comentou extensamente sobre o Draft, então pra resumir tudo vamos colocar aqui os links para os posts que já fizemos:


Neles, a gente explica o funcionamento do Draft, falamos sobre o que esperar da classe desse ano, explicamos o processo de avaliação dos jogadores e comentamos sobre os principais QBs desse Draft. E, por fim, fizemos o nosso Mock Draft, ou seja, fizemos uma simulação de como esperamos que o Draft aconteça, levando em consideração a ordem atual de escolhas de Draft, algo bem difícil de acontecer porque sempre muita gente acaba fazendo trocas. O nosso primeiro Mock Draft pode ser visto aqui, e agora eu venho trazer pra vocês a segunda (e final) versão do dito cujo, com algumas alterações importantes e dessa vez um pouco mais resumido do que o primeiro, quando eu tentei explicar um pouco dos jogadores em si, e lembrando que a Free Agency provavelmente só vai acontecer depois do Draft e portanto para os times, o que eles conseguem pela FA é uma incógnita. Dessa vez vou explicar só o porque da escolha mesmo. E quando acabarem os três dias do Draft, a gente volta pra analisar como cada time foi. Então vamos ao que interessa, lembrando que a escolha de cada time está em negrito, itálico e sublinhado.

Ah sim, aproveito pra lembrar que esse Mock Draft provavelmente está todo errado, o Draft é a ciência mais inexata que existe nos esportes e sempre rolam umas trocas que acabam com nossa lógica. Ou as vezes é a escolha do Lions que acaba com ela também.

1ª escolha: Carolina Panthers
Eu mantenho o que disse no primeiro Mock Draft: O Panthers deveria escolher o Marcell Dareus com essa escolha. Ele é o jogador mais preparado, pode causar um impacto imediato e não vejo nenhum QB dessa temporada digno da primeira escolha. Mas o Panthers parece ter se decidido pelo seu QB, e ele é o Cam Newton. O Panthers está optando por começar sua reconstrução pelo QB, e o Newton tem potencial pra ser muito bom. Eu só não sei se não vale a pena gastar a primeira escolha nele, o time provavelmente vai pegar uma escolha alta de novo ano que vem e a classe de QBs de 2012 é bem mais variada, o time pode acabar com um QB do mesmo nível mesmo sem ter a primeira escolha, ou se der sorte até mesmo o Andrew Luck. Mas o Panthers parece decidido, então Newton será a primeira escolha do Draft.

2ª escolha: Denver Broncos
O Broncos vai dormir feliz porque o melhor jogador possível para o time do Colorado caiu no colo deles, depois de não ter estado disponível no meu primeiro Mock Draft. O novo técnico do Broncos, John Fox, é um técnico com mentalidade defensiva e provavelmente vai arrumar a defesa antes do ataque, e no DT Marcell Dareus é a peça perfeita para o sistema do técnico com seu tamanho e capacidade de desmontar defesas por dentro da linha. Aliás, rolam boatos de que o Redskins estaria tentando trocar essa escolha para pegar o Blaine Gabbert, mas boatos são boatos... por enquanto.

3ª escolha: Buffalo Bills
Nada mudou para o Bills, que se não se sentir tentado demais pelo Blaine Gabbert vai fazer a escolha certa e pegar o OLB Von Miller pra reforçar seu pass rush extremamente deficiente e o esquema 3-4 do Bills é perfeito pra tirar o melhor das habilidades do Miller, que preza mais pela velocidade que pela força. O Ryan Fitzpatrick consegue segurar as pontas de QB por enquanto.

4ª escolha: Cincinnati Bengals
Eu cheguei nessa escolha achando que ela seria óbvia, mas comparando com boa parte dos Mock Drafts da NFL.com, quase ninguém acredita que o Bengals vá pegar um QB nessa rodada, muita gente aposta num DE ou num WR. Mas o Carson Palmer não deve mais jogar pelo time, o próprio Bengals já admitiu isso, e não adianta ter um grande WR sem um QB, então o Bengals vai aproveitar pra pegar seu QB do futuro no Blaine Gabbert.

5ª escolha: Arizona Cardinals
O Cardinals precisa urgentemente de um QB, mas Newton e Gabbert já saíram, então ou o Cardinals troca essa escolha pra descer algumas posições e pegar um QB numa escolha mais apropriada ou então tenta outra abordagem. Eu fiquei muito em dúvida se não colocava o Robert Quinn ou até o Da'Quan Bowers aqui, mas acho que o melhor jogador do Draft aqui é o CB Patrick Peterson, o que me entristece, porque eu tinha esperanças de ver ele no meu 49ers, mas o Cardinals não vai deixar ele passar.

6ª escolha: Cleveland Browns
Aqui eu acho que não tem erro, se não for um WR é outro, acho que o time vai pegar o AJ Green mas caso ele saia no Bengals eles vão com o Julio Jones. O Colt McCoy é jovem e talentoso, mas sofre demais com a falta de alvos disponíveis e o Browns conta com uma boa linha ofensiva, um recebedor confiável é o que o time precisa pra evoluir seu ataque para o próximo nível. O Green é o melhor disponível e não vai passar pelo Browns.

7ª escolha: San Francisco 49ers
A não ser que o time surte e queira pegar o Prince Amukamara aqui, o time não vai conseguir atender as suas principais necessidades, CB e QB, porque os melhores já vão ter saído e os seguintes não valem essa escolha tão alta. Assim, o 49ers vai usar essa escolha pra reforçar seu pass rush e tentar trazer alívio para a secundária que não vai receber um novo CB (pelo menos não nessa primeira rodada) e pegar o DE Robert Quinn ou o Da'Quan Bowers. Enquanto eu acho o Bowers o melhor jogador, as questões sobre seu joelho tem causado muito incômodo nos times e seu valor tem caido absurdamente, por isso acho que vai ser mesmo o Quinn.

8ª escolha: Tennessee Titans
O Titans é outro time com boas chances de trocar para descer no Draft e pegar um dos QBs do 'segundo escalão', mas acho que se o time não trocar a melhor opção é mesmo o DT Nick Farley. Ele é indisciplinado, mas é talentosíssimo e acho que o Titans não só coloca juizo na cabeça do moleque como vai aproveitar da sua capacidade pra reviver sua linha defensiva.

9ª escolha: Dallas Cowboys
Essa é uma escolha que eu apostaria que vai ser trocada. O Cowboys não tem nenhum safety bom pra escolher aqui e o time parece ter se apaixonado pelo Mike Pouncey, mas é cedo demais pra pegar um Guard aqui, então acho muito possível que o time troque, por exemplo, com o Lions pela 13ª escolha. O Lions sobe no Draft pra pegar o melhor OT disponível e o Cowboys ganha escolhas a mais e pega seu Guard numa escolha mais apropriada e ganha mais escolhas. Mas como o Mock Draft não pode prever esse tipo de coisa e a gente leva em consideração só as escolhas que já temos, o Cowboys pode pegar aqui o OT Tyron Smith, que eu vejo como o melhor do Draft, pra reforçar sua linha ofensiva.

10ª escolha: Washington Redskins
Eu confesso que essa escolha foi muito problemática pra mim, porque eu realmente não consigo decidir o que fazer com ela. Eu acho que é um disperdício usar essa escolha num WR, porque embora essa seja uma fraqueza gritante do time eu não sei se vale a pena gastar as fichas num WR boladão se o seu QB é uma desgraça, e convenhamos que o Donavan McNabb não tem futuro em Washington e a alternativa é o Rex Grossman. Além disso, se o Redskins realmente quer subir absurdamente no Draft pra pegar o Gabbert, é porque eles não tem muita fé no que tem em mãos. Ainda assim, parece que o Redskins realmente gostou do Julio Jones e então, contrariando meu bom senso, eu coloco o WR Julio Jones aqui. Afinal, não é o que eu faria, é o que eles fariam que conta aqui.
 
11ª escolha: Houston Texans
Primeiro fato: O Texans precisa de um DE capaz de colocar pressão no QB. Outro fato: O Texans tem uma secundária patética desde que o Dunta Robinson saiu. Dependendo de qual necessidade o time achar maior, eles podem ir para uma direção ou outra. Essa é difícil porque o Texans não deu muitas indicações do que quer, mas eu acho que o maior problema do time é a secundária então é hora do CB Prince Amukamara sair.
 
12ª escolha: Minnesota Vikings
Mais um time com problema de QBs, mais um time que tem uma escolha alta demais pra pegar os disponíveis, mais um time que poderia descer no Draft em busca de um. Caso não troque, é bem possível que reforce a linha defensiva que perdeu o Ray Edwards pegando o DE Cameron Jordan.
 
13ª escolha: Detroit Lions
Como eu já disse, espero ver o Lions trocando com o Dallas pra pegar o Smith enquanto o Dallas desce pra pegar o Pouncey. Como a gente não leva isso em consideração, e tendo o Smith saído para o Cowboys, o Lions ainda vai precisar de um OT pra proteger o ombro do Matthew Stafford, e o melhor disponível é o Anthony Castonzo. Caso o Texans pegue mesmo um DE (Jordan ou Aldon Smith) o Lions pode olhar com bons olhos a vinda do Amukamara, também.
 
14ª escolha: Saint Louis Rams
Julio Jones e AJ Green não estão mais disponíveis, então o Rams não vai conseguir pegar seu WR para dar ao Sam Bradford um alvo de verdade. Essa é a deixa para o Rams pegar bife pra reforçar o meio da sua linha devensiva com o DT Corey Liuget.
 
15ª escolha: Miami Dolphins
Outra decisão bem complicada, porque se o OG Mike Pouncey escorregar até aqui ele vai ser muito tentador e o Mark Ingram não tem impressionado muito pra subir de colocação no Draft. Mas Dolphins não sabe se vai ser capaz de trazer um RB na Free Agency, os seus dois titulares tiveram um péssimo 2010, então de certa forma acho que vai ser o Ingram aqui, até porque eu estou apostando que o Pouncey vai sair para o Dallas quando eles trocarem para descer no Draft, então se tivesse que apostar eu apostaria no Ingram porque o Pouncey já teria saído. No entanto, como nesse Mock Draft o Pouncey ainda não saiu, o Dolphins fica com ele. Que confusão do cacete eu fiz agora, parece o ataque do Sixers, um minuto para eu me recuperar.
 
16ª escolha: Jacksonville Jaguars
Essa pick continua inalterada: O DE Aldon Smith é o nome da vez. Smith tem subido muito de valor nessas semanas e o Ryan Kerrigan parece estacionado, então o Jaguars não tem muito o que pensar... A não ser que eles tirem alguém da terceira rodada no melhor estilo Tyson Alualu. De novo.
 
17ª escolha: New England Patriots
Já aviso que eu vou simplesmente ignorar todo e qualquer efeito em cascata que possa ter aquela suposta troca entre Dallas e Lions a partir de agora, até porque ninguém garante que isso aconteça. Assim, sem Pouncey, Smith ou Castonzo, o Patriots provavelmente não vai reforçar a linha ofensiva agora, e com isso a defesa passa a ser o foco, no caso o DE Ryan Kerrigan que escorregou pelo Jaguars. O Patriots é outro time que poderia mostrar interesse no Mark Ingram caso ele passe do Dolphins também.
 
18ª escolha: San Diego Chargers
Da última vez deu certo e o Kerrigan caiu até o Chargers, mas dessa vez eles não vão ter essa sorte. Eles podem ir com um Nose Tackle, mas acho que vai ser a vez do DE JJ Watt sair pra dar ao Chargers alguém pra opor ao Luis Castillo.
 
19ª escolha: New York GiantsSem Mike Pouncey para o Giants, e sem um MLB confiável a essa altura do campeonato, o Giants provavelmente vai tentar reforçar sua linha ofensiva. Entre as opções disponíveis, o OT Nate Soldier e o Gabe Carimi parecem as melhores opções, mas eu prefiro o Soldier. Outro time que tem um olho no Ingram caso ele chegue até aqui.
 
20ª escolha: Tampa Bay Buccaneers
Lembram do DE Da'Quan Bowers, que era uma escolha top 5 antigamente mas que tem tido mais e mais dúvidas com relação à sua saúde e por isso perdeu mais valor do que contos de réis? Pois é, ele sobreviveu até aqui, mas finalmente ele vai sair no Bucs. Ele é bom demais, o Bucs precisa de um jogador da posição dele, e eu acho que vale a aposta. Se ele ficar saudável, o Bucs vai conseguir um dos melhores jogadores desse Draft. E o time do Bucs vai ficar ainda mais legal de assistir e torcer pelo potencial no melhor estilo Thunder.
 
21ª escolha: Kansas City Chiefs
Essa não muda, o Chiefs precisa de bife na defesa e o DT Phil Taylor parece o homem indicado pra jogar de Nose Tackle na defesa do Chiefs. O ataque tem seus defeitos, mas acho que a necessidade na linha defensiva vai falar mais alto.
 
22ª escolha: Indianapolis ColtsO Colts quer aproveitar os anos que restam do Peyton Manning pra ganhar títulos aproveitando do seu QB, mas esses anos estão acabando então o Colts não tem porque pensar no depois, e sim no que fazer pra ganhar agora. O Manning é um monstro em ler defesas e reagir a elas, mas ele não vai conseguir ser campeão levando o time nas costas se tiver que se preocupar tanto com o pass rush, então o OT Gabe Carimi chega pra trazer alguma proteção pro Manning. Não vai ser um OL brilhante, mas ta pronto pra entrar e jogar e é o que o Colts quer.
 
23ª escolha: Philadelphia Eagles
O Eagles bem que poderia usar o Carimi ou o Soldier caso eles caíssem até aqui, mas não aconteceu e portanto eles voltam suas atenções para a secundária. O CB Jimmy Smith é problemático, mas é muito bom e o Eagles não se incomoda tanto com esses jogadores, então ele é o melhor jogador de secundária disponível.
 
24ª escolha: New Orleans Saints
O OLB Akeem Ayers caiu até aqui mais uma vez, então o Saints não tem porque não pegar. É um pass rusher rápido e versátil que pode ser muito bem aproveitado na defesa do Saints, que adora forçar turnovers e precisa voltar a colocar pressão no QB adversário pra aliviar a secundária.
 
25ª escolha: Seattle Seahawks
Minha lógica para essa escolha não mudou nada: O Seattle pode renovar com o vovô Matt Hasselback por algum tempo enquanto usa essa escolha perfeitamente localizada para Draftar um QB que precise de tempo pra ficar pronto. Só mudou o QB em questão, eu tinha falado no Jake Locker mas parece que o alvo do Seahawks é o Ryan Mallet.
 
26ª escolha: Baltimore Ravens
O time ainda precisa de um WR de velocidade para abrir espaço para o seu já talentoso corpo de recebedores. O WR Torrey Smith é feito sob medida para o Ravens, não é um craque mas é muito rápido e é o WR de bolas longas que o braço forte do Joe Flacco pode usar o dia todo se a cobertura não esticar - e se esticar o Anquan Boldin pode fazer a festa.
 
27ª escolha: Atlanta Falcons
Se o Torrey Smith passar o Falcons pode acabar pegando, e a secundária também precisa de ajuda e poderia usar o Aaron Williams, mas o DE Adrian Clayborn é um bom jogador que acabou escorregando até aqui e que pode dar aquela força para o rush do Falcons, que não é ruim mas que se melhorasse poderia ajudar em muito a defesa.
 
28ª escolha: New England Patriots
Essa pick merece um quote do meu outro Mock Draft:
 
"A escolha mais interessante do Draft, a meu ver. Na segunda rodada, temos Bills, Broncos, Titans, Redskins, Vikings e 49ers escolhendo com alguns intervalos entre eles, mas nessa ordem. Todos times que poderiam usar um QB, mas que correm o risco de ver tanto Locker como Mallet fora do Draft a essa altura. Some isso ao fato de que o Bill Belichick é viciado em negociar escolhas de Draft pra conseguir mais jogadores, e chegamos ao fato de que o Patriots tem uma posição que muita gente está louca pra conseguir e provavelmenta vai estar disposto a negociar."
 
Como a situação não mudou em nada, eu ainda aposto fortemente que essa escolha vai ser trocada para que um QB seja pego aqui, mas caso não aconteça, o Patriots deve aproveitar o presente e finalmente pegar o RB Mark Ingram pra reforçar seu emergente e importante ataque terrestre.
 
29ª escolha: Chicago Bears
O OT Derek Sherrod é o melhor que sobrou e até minha sogra sabe que o Bears precisa urgentemente de ajuda na linha ofensiva. Sem uma alternativa irrecusável, o Sherrod deve sair aqui mesmo.
 
30ª escolha: New York Jets
Muhammad Wilkerson é um DT que pode render no esquema do Jets, mas eu ainda aposto no LB Justin Houston, sua versatilidade é tentadora demais para um time que vive dos esquemas complicados do Rex Ryan.
 
31ª escolha: Pittsburgh Steelers
O Steelers tem o hábito de pegar o melhor jogador disponível e, se não trocar essa escolha por um time em busca de um QB, deve pegar o DB Aaron Williams, que além de ser o melhor disponível ainda ajuda os problemas de secundária do time.
 
32ª escolha: Green Bay Packers
Ainda aposto na saída do Johnny Jolly e portanto ainda aposto que o Packers vai aproveitar e pegar o  DL Cam Heyward pra fechar a primeira rodada.
 
 
 
Ufa, acabou. Fiquem de olho no Draft de hoje a noite e quando acabar a gente volta e comenta. Grande abraço a todos.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Duas séries chegam ao fim

Reggie Miller não aguentou ver seu time eliminado dos playoffs


Se tivessem me falado, antes dos playoffs, que das séries Celtics vs Knicks e Bulls vs Pacers, uma seria uma varrida com alguns massacres e que fosse dar uma falsa sensação de confiança ao vencedor, e a outra seria uma vitória confortável mas com alguns sustos e mostrando as fraquezas do time que levasse a série, eu com certeza teria imaginado exatamente o contrário: O Bulls varreria o Pacers sem dificuldade, e eles poderiam ser levados a achar que tudo estava ótimo pela facilidade, e que o Celtics seria o time que sofreria mais pra fechar sua série. Mas quem teve o 4 a 0 contra um time frágil e cheio de desfalques foi o Boston e o 4 a 1 com alguns sustos contra um adversário bem mais fraco foi do Chicago.

Eu falei no preview da série entre Celtics e Knicks que o Celtics teria problemas, porque mesmo que fosse o melhor time disparado, tinha dois problemas: Sem o Shaq saudável o time não teria um garrafão apelativo e que pudesse esmagar os adversários como fez ao longo de boa parte da temporada para tirar vantagem da falta de garrafão do Knicks, e que o melhor jogador estava do outro lado, porque o Carmelo Anthony estava em ótima fase e o melhor jogador do Boston, o Rajon Rondo, não. E se o resultado final foi uma varrida, o começo foi bem difícil para o Celtics justamente por causa dessas duas coisas.

Os jogos 1 e 2 dessa série foram muito mais difíceis do que o Boston gostaria. No primeiro jogo, o Amare Stoudamire fez o que quis no garrafão, pontuou, pegou rebotes, e o time sentiu falta de um pivozão pra trombar com ele. Quem fez melhor esse papel no jogo foi, acreditem, o Jermaine O'Neal, que defendeu bem demais e ainda foi muito útil no ataque, mas o O'Neal estava sem ritmo e sem fôlego e não conseguiu ficar tempo demais em quadra, e quando ele saia o garrafão do Boston virava uma mistura de Jeff Green, Nenad Krstic e Glen Davis, o que me dava vontade de chorar e o Knicks aproveitou pra pontar la dentro o tempo todo, e como vocês lembram o jogo só foi decidido por uma falta de ataque duvidosa do Carmelo e uma bola de três sensacional do Ray Allen nos últimos segundos. E no segundo jogo, o Carmelo igualou a sua melhor marca da carreira em playoffs, acertou tudo, levou o time nas costas e o Boston também só conseguiu a vitória com uma cesta e um roubo de bola do Kevin Garnett no último minuto. Os jogos três e quatro, por outro lado, foram massacres. O Knicks apertou, chegou a dar um calor no Celtics, mas o Boston sempre soube reagir na hora certa, colocar as mãos na bola do Rondo e abrir a vantagem na hora certa.

Mas essa vitória não pode amolecer o Celtics, porque esse resultado final é enganador. O Chauncey Billups (que vai voltar para a próxima temporada no Knicks por 14 milhões de patacas) não jogou os três últimos jogos por estar machucado, Stoudamire foi bastante limitado por uma lesão nas costas e tirando esses dois mais o Melo, o Knicks não é realmente um time de verdade, o Ronny Turiaf e o Toney Douglas (e no jogo quatro ainda teve atuação surpresa do Anthony Carter) tiveram seus bons momentos, mas nem de longe são confiáveis para uma série dessas no lugar dos astros do time. O Celtics sofreu sem conseguir tirar vantagem de um garrafão alto, tomou porrada do Amare quando ele estava saudável no jogo 1, depois teve que contar com 30 pontos do Rondo pra ganhar o jogo dois. O Celtics melhorou muito nos jogos 3 e 4, mas isso também foi quando o Knicks caiu de produção pela falta do Billups e a lesão do Amare, então os resultados podem ser enganosos.

O que não foi enganoso, e que é ótimo para o Celtics, foi o jogo do Rajon Rondo. O Rondo estava numa péssima fase no final da temporada e, por mais que esteja cercado por quatro futuros Hall of Famers, ele é fácil o melhor jogador do Celtics hoje. Ele é o cérebro do ataque, ele quem coloca ordem e o time é infinitamente mais eficiente quando ele está ligado e comandando o ataque do que quando o Paul Pierce coloca a bola embaixo do braço pra imitar o Kobe Bryant. Tá bom, ele não acerta nem bola de papel no lixo quando tenta arremessar, mas ele é ingeligente com a bola, bate pra dentro muito bem, finaliza próximo ao aro e é muito difícil saber o que ele vai fazer, não só porque ele consegue fazer todos os tipos de passe mas também porque ele está cercado por vários ótimos finalizadores. E o Rondo foi o responsável pelo Boston ter vencido essa série dessa forma: 30 pontos no jogo 2, triple double de 15 pontos, 20 assistências e 11 rebotes (existe um triple double mais Rondo do que esse?) no jogo 3 e fechou com 20 pontos e 12 assistências no jogo 4. Ele foi o responsável por achar Ray Allen, por acionar o Jermaine O'Neal e o Kevin Garnett na melhor hora de finalizar e por fazer o ataque funcionar. E quando o Rondo está jogando assim, atacando o aro e distribuindo o jogo, o Boston é um time mil vezes melhor.

O problema, no entanto, ainda continua. Se a gente viu que o Boston está totalmente diferente na pós temporada, mais focado, mais brigador e com o Rondo jogando demais, o garrafão do Boston ainda mostrou que depende demais de um pivô. O Celtics marcou 118,1 pontos a cada 100 posses de bola quando o Jermaine estava em quadra e quase 30 pontos a menos com ele no banco, 91,6, além do impacto na defesa principalmente marcando o Amare Stoudamire. O banco do Boston sofreu demais no garrafão, não tinha presença perto da cesta e o Boston realmente precisa da volta do Shaq para encarar o Heat. A vantagem é que o time foi capaz de fechar a série logo e ganhou uma semana de descanso antes da série contra Miami, que deve ser usada pra recuperar o Shaq e descansar seus vovôs.

Já o Bulls teve mais dificuldade do que o esperado. Perdeu apenas um jogo, é verdade, mas esteve atrás no quarto período dos três primeiros jogos que venceu e só virou porque o Derrick Rose é um apelão de último nível que botou o time nas costas nos quartos períodos e pontuou feito maluco, mas o fato é que o time suou muito mais que o esperado. O Pacers explorou o máximo que pode todos os defeitos do time do Bulls e conseguiu apertar muito a série: Usou o Tyler Hansbrough o máximo que pode em cima do fraco defensor Carlos Boozer, que ficou muito no banco por faltas, forçou ao máximo a bola nas mãos do Derrick Rose pela falta de um outro jogador pra controlar a bola e congestionou o garrafão pra forçar o armador a chutar de três pontos, e o técnico interino Frank Vogel usou muitos esquemas pra dificultar os passes do Rose, usando o calouro Paul George e uma série de coberturas a essa marcação pra impedir que o Bulls entrasse num ritmo. O fato do Rose ter tido mais de 35 pontos nos dois primeiros jogos não é coincidência, o Rose foi o único do time que conseguia ir pra cima e criar um arremesso. O Pacers jogou muito bem, teve suas dificuldades naturais, mas eu pelo menos vejo futuro na base jovem que o time tem e eu acho que o Vogel devia ser efetivado para a próxima temporada, tem feito um bom trabalho.

Já o Bulls tem que aprender as lições que o Pacers ensinou com tanto carinho. O Bulls sempre soube que a falta de um jogador pra segurar a bola além do Rose era o maior ponto fraco da equipe, mas o time ainda não conseguiu achar uma forma de contornar isso e o Pacers conseguiu explorar muito essa falha da equipe. O outro lado da moeda é que manter a bola o tempo todo nas mãos do Rose vai fazer com que ele faça 36 pontos por jogo várias vezes, as vezes funciona e as vezes não, mas é bom que o Bulls tenha um plano B pra quando funciona.

O Bulls também precisa resolver dois problemas que, aliás, podem ser resolvidos da mesma forma: Arrumar mais opções ofensivas e fazer o Carlos Boozer render mais. O Boozer é fraco na defesa, mas ele sempre compensou isso sendo bom reboteiro e ótima opção ofensiva, mas ele tem sido muito pouco acionado no ataque e aí ele é só um peso na defesa pro seu time, sua habilidade ofensiva é pouco aproveitada. O Bulls tem que usar mais o pick and roll e o pick and pop com o Boozer pra conseguir mais pontos perto do garrafão, o Rose pontua lá dentro mas as vezes os adversários vão cercar o Rose pra obrigar o armador a ficar no perímetro, e aí ele tem que acionar o ex-jogador do Jazz pra pontuar perto do garrafão, seja ele ou seja o Joakim Noah fazendo esse papel. Se o Tom Thibodeau conseguir fazer o Boozer se envolver ofensivamente, isso vai ser uma ótima adição não só pra próxima série mas também pro resto dos playoffs.



Lembrando que ontem saiu uma ordem judicial levantando o lockout da NFL. Pra quem quiser conferir, só ler o post imediatamente abaixo deste.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Breaking News - O fim da primeira parte do processo


Chris Johnson se prepara para sair das férias forçadas

Como eu disse hoje mais cedo (e finalmente parei em casa pra esclarecer a questão), ontem a noite terminou o processo movido por dez jogadores da NFL - entre eles Tom Brady e Peyton Manning- contra a Liga em uma medida 'antitruste'. O processo faz parte de toda a história envolvendo a greve dos jogadores e o lockout imposto pela NFL, tudo isso motivado pelo fim do acordo trabalhista vigente entre a NFLPA, a associação dos jogadores, e a NFL. Para entender melhor toda a história por trás, inclusive o processo, vocês podem ler esse post explicando sobre a CBA ou esse aqui que explica toda a situação da greve.

A audiência aconteceu em Minneapolis sob a jurisdição da Juiza Susan Nelson dia seis de Abril, e após toda a discussão de ambos os lados e uma ordem da juiza obrigando ambos os lados a retomarem as conversas, ela finalmente chegou à sua decisão ontem. Nas 89 páginas comentando sua decisão, ela deu ordens imediatas para o fim do lockout, e em outras palavras, deu o ganho de causa aos jogadores e, portanto, à NFLPA. Agora vamos começar tudo de novo: O que isso significa de fato?

Primeiramente, que a Liga não tem mais o direito de lockout, e portanto o direito de impedir o contato entre jogadores e times. Agora o tempoe está correndo, e a NFL instruiu os times a não impedir mais o acesso dos jogadores às dependências dos seus times, o que não necessariamente quer dizer que os jogadores eram obrigados a comparecer sem um novo CBA. Alguns jogadores apareceram, a maioria ainda não, e dos que apareceram vários ainda não puderam usar a sala de musculação e realizar a maior parte das atividades, e de certa forma essa ída aos ginásios foi mais um jeito de falar que eles estão respeitando a ordem da Juiza. Mas tudo bem, pelo menos é um primeiro passo.

A segunda coisa a ser considerada é: O que acontece agora?

A verdade é que, infelizmente, ainda estamos longe de um acordo. O lockout foi levantado e a Juiza deu ganho de causa pros jogadores, mas agora a NFL tem 24h para pedir um adiamento da decisão - o que faria a ordem de levantar o lockout só valer daqui a algum tempo - e apresentar seus argumentos. A NFL também deve levar uma apelação para uma corte superior, a 8th U.S. Circuit Court of Appeals, para tentar reverter a decisão.

A questão aqui é que a NFL ainda tem que esperar essa apelação acontecer, e enquanto isso a Liga conta com o adiamento da decisão para manter o lockout no lugar e tentar uma última chance de trazer a balança de volta ao seu favor, balança que pesou muito pros jogadores após essa decisão da Juiza Nelson. Se o adiamento acontecer, a NFL pode esperar a apelação sem perder o controle das negociações que devem ser retomadas enquanto espera a decisão da oitava corte que eles torcem para que seja favorável e retome a vantagem da NFL nas negociações.

Mas isso não é tão simples de acontecer. Entre as 89 páginas da decisão da Juiza não tem só um 'Os jogadores ganharam a parada', ela explica detalhadamente os motivos que motivaram a decisão dela, e ela deixou muito claro o peso que ela considerou que vai existir na carreira dos jogadores no caso de uma paralização de uma temporada, e a causa disso é o lockout da Liga. A intensidade com que Nelson coloca isso na sua decisão (claro que ninguém aqui leu inteira, a gente tem uma vida, acho) mostra como ela acha essa decisão importante, e isso vai ser considerado por ela na hora de analisar o adiamento do lockout e também será considerado por quem analisar esse caso no recurso. Isso não define nada, mas a força que a Juiza colocou na sua decisão é um parâmetro importante a ser considerado no que acontecer daqui em diante, porque tudo que acontecer será em cima dessa primeira decisão.

E as negociações, como ficam?
Ambos os lados, a NFL e a NFLPA, já declararam interesse em retomar as negociações, o que deve acontecer em breve. A questão é o quão longe essas negociações podem ir. A NFL ainda espera uma resposta favorável no adiamento da medida que levanta o lockout para mantê-lo no lugar enquanto negocia, e caso consiga, eles devem esperar o recurso para tentar salvar sua posição, que está bem enfraquecida. Não há como negar, a pressão está em cima da NFL, e eles estão tentando sua última cartada. Se tudo correr como eles querem, eles vão conseguir manter o lockout no lugar pelo adiamento até que saia a decisão do recurso, que eles esperam que seja favorável. Mas nem tudo pode correr assim.

O melhor que pode acontecer, a meu ver, é que o adiamento seja negado. Se for o caso, a NFL ainda deve esperar o resultado da apelação para que possam acontecer grandes avanços nas negociações, mas isso quer dizer que, enquanto espera e negocia, o lockout não existirá e os jogadores poderão ter acesso às dependências dos times. Se isso acontecer, a NFL provavelmente será forçada a criar regras temporárias para a Free Agency (provavelmente iguais às da Free Agency de 2010) para que os jogadores possam ser trocados ou assinarem com novos times, e também para que retomem os treinamentos, principalmente os calouros do Draft, que aliás começa quinta. Se for o caso, os times podem esperar um acordo com seus jogadores a postos e montando seus times, para que comece pra valer o assunto. Aí, ao sair o resultado do recurso, as negociações podem enfim ser finalizadas para colocar um novo CBA no lugar.

Sim, é meio ingênuo acreditar que as coisas vão se resolver assim tão facilmente, mas parece ser o melhor caminho pra resolver o problema. Não vejo o adiamento passando, então a Free Agency vai acabar tendo que acontecer de alguma forma, e um regulamento temporário é a melhor forma enquanto esperamos o novo CBA. A questão é como as negociações podem prosseguir, estou assumindo que após o resultado do recurso ambos os lados - ganhe quem ganhar - não vão ter escolha além de terminar as negociações com a balança pendendo para o lado vencedor. Mas por enquanto, a gente só pode assumir que isso vai acontecer, nunca é bom subestimar a natureza humana quando 9 bilhões de patacas estão em jogo.

Galera, por enquanto é isso aí. Se tivermos novidades vamos trazer imediatamente ou divulgar no nosso twitter, e quem tiver dúvidas pode perguntar nos comentários mesmo ou mandar um email para tmwarning@hotmail.com .

domingo, 24 de abril de 2011

Ressurgindo das cinzas

Graças a uma certa empresa de internet, fiquei sem a dita cuja durante todo o feriado, mas pelo menos agora ela voltou. Ainda bem que aconteceu nessa primeira rodada dos playoffs... Mil desculpas pelos dias sem postagem, estamos de volta.
-------------------------------------


Brandon Roy entra em quadra

Faltando dois segundos no quarto período, o Blazers Trail Blazers parecia perdido. A série estava 2-1 para o Dallas Mavericks, o jogo quatro em Portland estava totalmente a favor do Mavericks, que liderava por 21 pontos, e do jeito que as coisas caminhavam o Blazers ia ter que vencer duas vezes em Dallas pra avançar nos playoffs. O Blazers, definitivamente, parecia acabado, pronto pra sair dos playoffs. Só que aí a bola chegou no Brandon Roy.

O resultado foi bem interessante: Nos próximos 12 minutos e 2 segundos, Brandon Roy marcou 21 pontos, inclusive a cesta da vitória, e o Blazers venceu o Mavericks por 84 a 82 para salvar sua pós-temporada e, quem sabe, a carreira do próprio Brandon Roy.

Para quem não lembra, o Roy teve alguns problemas com seus joelhos recentemente. Aliás, foi exatamente a preocupação com eles que fez o Roy cair tanto no Draft de 2006, quando foi pego na sexta posição pelo Wolves pra ser trocado em seguida para o Portland pelo também recém-draftado Randy Foye (Os engravatados do Wolves andam se gabando por terem deixado passar o Roy porque esperavam isso desde o começo, mas trocar o Roy pelo Foye não vai fazer o time ganhar nada). Ano passado mesmo, ele fez uma cirurgia no joelho perto do final da temporada, quando supostamente iria desfalcar o time nos playoffs, mas ele voltou no jogo quatro, entrou em quadra (ao som de Eye of the Tiger) e jogou no sacrifício, transformando aquela série contra o Suns numa série de verdade. Mas esse ano, as coisas pioraram de novo, com uma nova lesão no joelho e mais preocupações acerca da durabilidade deles. A falta de cartilagem nos joelhos do Roy é um problema e, segundo os médicos, ele só tem mais dois anos aproximadamente pra jogar basquete em alto nível. O que é uma grande pena, porque o Roy é um dos melhores jogadores da Liga, muito completo e um dos melhores closers da NBA.

E com a lesão do Roy, o time teve que se virar sem ele, contando principalmente com a ótima fase do Wesley Matthews e dando mais minutos para o Rudy Fernandez. Mesmo quando o Brandon Roy voltou, ele ficou no banco, com minutos limitados e um basquete mais contido que de costume. Ele teve grandes jogos, um deles contra o mesmo Mavericks, mas a dúvida era se ele estava se poupando e sendo poupado ou se o novo papel dele no time era apenas aquele, um reserva que podia ter um bom jogo.

Mas os playoffs começaram e Roy continuou no banco. Ele mal jogou nos dois primeiros jogos em Dallas, quando o Blazers perdeu ambas as partidas. E isso gerou uma reclamação no Roy sobre o seu papel no time, que ele achava que era muito pequeno. E, conseqüência ou não, Roy teve um ótimo jogo 3 e um jogo quatro histórico.

No jogo quatro, depois de sair machucado no primeiro tempo, Roy voltou no terceiro período com uma assistência para o Lamarcus Aldridge e depois uma bola de três nos segundos finais do terceiro quarto. No quarto período, foram dezoito pontos e quatro assistências, além de ter sido o centro de todas as ações ofensivas do time, acertando oito de dez arremessos e colocando a bola debaixo do braço. O Blazers se inspirou e começou a defender feito malucos, tanto que segurou o ataque do Dallas a só 15 pontos enquanto marcou 35, sendo 26 desses diretamentes de pontos ou assistências do Roy.

A importância do Roy nos dois jogos vencidos pelo Blazers ressalta algo que eu já disse no preview dessa série, que é o fato do Blazers não ser um time excepcional, é um time completo, bem montado, com muitos bons jogadores e que tem uma boa defesa e um bom ataque, mas o time as vezes sente falta de um elemento mais explosivo, imprevisível, capaz de carregar o time durante um período ruim ou energizar o time quando ele precisa, além de ficar com a bola na mão nos momentos cruciais. Em outras palavras, uma estrela. O Aldridge é ótimo, ta evoluindo muito, mas ainda não chegou lá. O Gerald Wallace é um ótimo role player, faz o trabalho sujo muito bem, mas não é a estrela do time: a única estrela de verdade do time de Portland está vindo do banco de reservas, e quando ele entra ditando o ritmo do time, é quando o Blazers encontra seu melhor basquete. E é exatamente o que o Blazers precisa pra fechar essa série de uma vez por todas. Agora a série vai voltar para Dallas para o jogo cinco, e o Blazers tem o momento na série depois dessa virada histórica. Ganhar o jogo cinco em Dallas e decidir em casa é tudo que o Blazers quer, mas pra isso o Roy vai ter que entrar, ditar o ritmo e fazer sua mágica, como a gente já viu ele fazendo muitas vezes.

O problema pro Roy é o seu corpo. Por melhor que ele seja, o corpo dele não está na melhor forma pra correr de um lado a outro de uma quadra pra pular tentando alcançar um aro com uma bola. O joelho dele está todo esfarelado, o joelho dele é praticamente osso com osso, e não da pra sugerir que ele vai estar 100% fisicamente numa quadra de basquete algum dia na vida. Ele tem que lutar não só contra o time adversário, mas contra seu próprio corpo, que não aguenta a intensidade que é um jogo de basquete. Talvez funcione uma vez, duas, mas não da pra ter certeza que vai funcionar sempre, e por isso o Roy, querendo ou não, vai ter seus minutos mais limitados. O Roy é um guerreiro, ele sabe muito bem o que é jogar no sacrifício, até porque ele sabe o quanto o time depende dele pra vencer uma série complicada, que é exatamente o que o Blazers vai ver nos playoffs (a não ser que mude pro Leste). O corpo dele pode não aguentar, mas ele é competitivo demais pra ficar no banco e ver o time perder, mas ao mesmo tempo o corpo dele pode não aguentar uma hora e deixar o Blazers na mão. O Roy é a chance do Blazers de sonhar com algo maior na pós temporada, mas também pode ser uma bomba relógio, pronta pra esfarelar um joelho. Porque pra ganhar, eles dependem do corpo - e dos joelhos - do Brandon Roy. Porque ele é a verdadeira estrela da equipe. É dele que eles precisam pra controlar o time, passar confiança, liderar o elenco e, quando necessário, fazer 21 pontos em 12:02 minutos e liderar uma virada histórica para manter seu time vivo nos playoffs.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Preview - San Antonio Spurs vs Memphis Grizzlies

Não é o gordinho mais boa pinta da NBA?

E a internet finalmente deu uma trégua então posso vir aqui postar o último preview (aleluia!). Foi mal pela demora, mas realmente não tive escolha, a internet só voltou agora.

Eu falei ontem, quando comentei dos resultados surpreendentes até agora, que eu deveria ter feito esse post antes da partida de domingo pra pagar de profeta, porque eu claramente disse pra dois amigos (Que serão chamados a testemunhar aqui) que o Grizzlies tinha uma chance real de vencer o Spurs e para isso era importante vencer o jogo 1 sem o Manu Ginobili, que por uma lesão no cotovelo não entrou em quadra. Aí quando vemos o jogo, o Manu não jogou, o Grizzlies ganhou e tirou a vantagem de quadra do Spurs. E eu me mordendo por não ter postado isso antes!

Quem acompanha o nosso twitter ou mesmo leu nossos posts que tratavam do time (No caso, esse e esse) sabe que eu sou completamente apaixonado por esse time do Grizzlies, acho um time jovem, talentoso, com uma defesa forte e que sabe jogar tanto na correria como na meia quadra e que tinha uma estrela no Rudy Gay. Ainda não cheguei ao ponto de mandar uma cartinha de amor para o Zach Randolph, mas minha paixão por esse time era tão grande que eu até comentei com o Celo (Meu "parceiro" de blog que só aparece pra reclamar) que se o Rudy Gay estivesse saudável eu apostaria minhas fichas que o Grizzlies ia derrotar o Spurs, o que vocês podem encarar como sendo porque o Grizzlies é muito bom ou porque o Spurs tem algumas falhas que são exatamente as que o Grizzlies pode explorar pra ter a vantagem no confronto, ou simplesmente porque eu sou maluco.

Primeiro de tudo, temos que lembrar que o Spurs dessa temporada não lembra em nada o Spurs que foi campeão tantas vezes nos últimos 12 anos. Aquele Spurs era um time extremamente meticuloso, lento, calculado, que contava com o Tim Duncan pra fazer a festa no garrafão até atrair dobras na marcação para que a bola fosse para o perímetro, tudo isso enquanto o time gastava os 24 segundos, desacelerava até a mãe, tomava um cafezinho, e na defesa só faltava colocarem alguém sentado em cima da cesta, porque de resto tudo que era humanamente possível fazer pra evitar uma cesta era feito. Era um esquema de jogo extremamente meticuloso e calculado (e, de certa forma, chato) e que dava resultados, tanto que o time foi tetracampeão e acabou com muitos times fortíssimos como o Lakers de Shaq e Kobe Bryant, o Suns Run n'Gun do Mike D'Anthony, o igualmente lento e defensivo Pistons do Larry Brown e o Mavericks porra-louca do Don Nelson. Mas o time envelheceu, o esquema do Greg Popovich parou de funcionar e o time de repente lembra muito mais os times de correria que eles mesmos cansaram de eliminar. O Spurs agora é um time que joga na velocidade, usando muitos pirralhos, chutando muitas bolas de três e que tem problemas defensivos, exatamente o oposto da fórmula que fez o time tantas vezes ser campeão.

Isso é ruim? Não. O Greg Popovich foi capaz de reinventar o time quando a fórmula que antes funcionava parou de dar certo, estava claro que o esquema de jogo antigo do Spurs tinha ido por água abaixo quando eles tomaram uma varrida do Suns nos playoffs e essa mudança no padrão de jogo do time fez não só com que o time evitasse uma grande queda no disputado Oeste como fez o time terminar com a segunda melhor campanha da NBA. Agora o Tim Duncan pode sair do modo automático que ele jogou a temporada toda, ganhar os minutos por jogo que ele merece e o time sem dúvida deve se beneficiar disso. O Spurs ainda é um time bom o suficiente, com bons jogadores e um técnico competente, pra assustar nesses playoffs.

Mas do outro lado, tem o Grizzlies. O Grizzlies é um time, a meu ver, muito mais completo do que o Spurs. O que não necessariamente o qualifica como melhor, apenas mais completo. O Grizzlies gosta de jogar na velocidade, é o melhor time na Liga forçando turnovers e na correria o time se beneficia do Mike Conley e do atleticismo do Tony Allen, além de ser quando o OJ Mayo rende mais. Mas por outro lado, é um time com uma defesa muito forte, que como eu já disse força muitos turnovers, e que tem um garrafão muito forte e que sabe render muito bem quando o time precisa desacelerar e jogar na meia quadra. Essa série, desconsiderando os talentos individuais envolvidos, lembra um pouco as séries entre Spurs e Suns/Mavericks, que o Spurs ganhava porque tinha uma defesa muito melhor e muito mais flexibilidade, era um time que sabia jogar na correria em alto nível mas que era capaz de desacelerar e jogar em meia quadra quando necessário, além de contar com um garrafão mais forte e mais capaz de dominar uma série próxima à cesta. E se o Spurs é um time no papel melhor, com jogadores melhores, o Grizzlies é um time mais flexível, com uma defesa melhor e com um garrafão mais forte próximo à cesta.

O Grizzlies rende muito bem quando decide correr, usa muitos roubos de bola pra isso e conta com uma defesa muito forte pra iniciar os contra ataques, mas isso tudo o Spurs também sabe fazer, o que as vezes vai transformar a série num jogo de pega-pega (como, aliás, aconteceu domingo em alguns momentos). Mas o Grizzlies tem a capacidade de desacelerar o jogo e confiar no seu garrafão, o que eu não tenho muita certeza se o Spurs é capaz de fazer.  O Tim Duncan é o melhor ala de força de todos os tempos e com certeza ainda tem lenha pra queimar nos playoffs, mas o garrafão do Grizzlies consegue dominar melhor a área ao redor da cesta, e conta com dois ótimos jogadores de garrafão pra isso, o Zach Randolph, que desde que foi pra Memphis deixou pra trás a fama de gordinho (essa continua) fominha destruidor de times e se estabeleceu como um dos melhores pontuadores no garrafão em toda a Liga, e o Marc Gasol, que se não é tão habilidoso e finesse como seu irmão é maior, mais físico e não tem problema em fazer o trabalho sujo dentro do garrafão, trombando com todo mundo e até mesmo fazendo ótimos passes. E é esse domínio no garrafão e a flexibilidade que o time tem de alterar seu plano de jogo conforme a partida for se desenvolvendo que me faz imaginar que vencer o Spurs seja possível mesmo sem Rudy Gay, ainda que bem difícil se o Ginobili voltar já na próxima partida. O Ginobili trás duas coisas que o Spurs vai precisar, a imprevisibilidade que surge da sua criatividade e dos seus movimentos desengonçados e sua capacidade de pontuar feito um maluco mesmo num ataque de meia quadra e mesmo contra uma defesa que conta com Tony Allen e Shanne Battier, dois dos melhores defensores de perímetro da Liga. E pro Spurs passar pra próxima rodada, o Manu vai ter que fazer tudo isso.

Palpite: Voltando no próximo jogo, o talento do Spurs talvez seja demais para o Grizzlies sem Gay, ainda que com um garrafão maior. Mas como o Grizzlies roubou o primeiro jogo que eu tanto preguei que eles precisavam, essa série vai ser muito mais difícil do que o Spurs imaginava. Ainda assim, aposto em Spurs em sete jogos.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O bizarro dos primeiros jogos dos playoffs


"33 pontos e 14 assistências. Missão completa, chefe!"

Eu sei, a gente ainda não terminou de postar todos os previews, ta faltando Spurs vs Grizzlies, mas eu prometo que sai amanhã cedo no máximo, só não saiu antes porque estava sem internet. Enquanto isso, aproveito pra falar do que aconteceu de surpreendente nos primeiros jogos de cada série. Até agora, cada série teve uma partida apenas: O Derrick Rose levou o Bulls nas costas pra passar pelo Pacers, o Heat ganhou apertado do Sixers, o Dirk Nowitzki contou com seis bolas de três do Jason Kidd pra ganhar do Blazers, o Thunder ganhou no sufoco do Nuggets e o Celtics sem Shaq contou com uma ajudinha da arbitragem e uma bola de três espetacular do Ray Allen pra ganhar do Knicks at the buzzer. Nenhum desses resultados foi realmente surpreendente, talvez o Bulls tenha tido mais dificuldades do que o previsto, mas nenhum desses jogos realmente teve algo muito inesperado (E sim, eu sei que apostei no Blazers, mas não achava que eles fossem ganhar o jogo 1).

Por outro lado, tivemos três resultados que surpreenderam muita gente: O Hornets ganhando do Lakers, o Grizzlies conseguindo sua primeira vitória em playoffs o Hawks realmente ganhando do Magic, três resultados que pouca gente imaginava, embora eu devesse ter postado o preview entre Grizzlies e Spurs antes do jogo pra pagar de entendido de basquete, porque eu realmente estava apostando nessa vitória do Grizzlies quando o Spurs ainda não tinha o Manu Ginobili. Mas enfim, ainda era um resultado que a maior parte de quem acompanha NBA não esperava e, de certa forma, foi uma grande surpresa, até porque o Grizzlies nunca tinha ganho um jogo de playoffs na vida. Mas vamos ver o que aconteceu em cada jogo para que essas surpresas acontecessem:

Lakers vs Hornets
Nesse jogo, realmente, não teve nenhum segredo, a gente pode ilustrar isso com apenas quatro números: 33, 14, 7, 4. Esses foram os números, respectivamentes, de pontos, assistências, rebotes e roubos de bola que o Chris Paul teve no primeiro jogo da série, que acabou com vitória do Hornets por 109 a 100. Quem leu o nosso preview da série lembra que eu disse que o Hornets, sem o David West, dependia do Chris Paul jogar muito, destruir quem visse pela frente e levar o time nas costas, infiltrando feito doido, arremessando quando abrisse espaço e envolvendo seus companheiros como forma de tentar compensar a diferença no garrafão. Mas o Hornets recebeu mais do que o esperado: O Chris Paul jogou num nível histórico, comeu o Lakers com farinha e foi o grande responsável pela vitória do time. Mas além disso, o time conseguiu minimizar a vantagem do Lakers no garrafão, ajudado pelo fato de que o Pau Gasol não teve um grande jogo e o Andre Bynum foi limitado pelo joelho e por problemas de falta durante boa parte do jogo. Além disso, o Hornets usou bastante o Aaron Gray, que é um cone, mas é um cone bem alto que ajudou a diminuir a diferença de altura do Lakers além de fazer 12 pontos (Todos em ótimos passes embaixo da cesta, livres de marcação e com cafézinho,do Chris Paul).

Mas o que realmente resolveu a partida foi o Chris Paul jogar feito um maluco. No começo do jogo, além de trabalhar muito bem no pick and roll, ele partiu pra cima, abriu a defesa do Lakers e leu as movimentações perfeitamente, envolveu todos os seus companheiros de time (em especial o Marco Belinelli e o Carl Landry), o time todo só cometeu dois disperdicios de bola no primeiro tempo porque ele ficou com a bola na mão o tempo todo, assumiu as responsabilidades de controlar o jogo o tempo todo no ataque e terminou o primeiro tempo com 10 assistências e uma boa vantagem para seu time. No final da partida, quando o Lakers apertou e o Hornets se sentiu ameaçado, o Chris Paul começou a pontuar que nem um maluco, arremessou por cima de quem quer que estivesse na frente, seja por cima do Derek Fisher, que em nenhum momento conseguiu acompanhá-lo, seja do Kobe Bryant ou até mesmo do Pau Gasol, que bizarramente acabou marcando ele em uma série de pick and rolls, e assim ele marcou 14 pontos no quarto período sempre que o Lakers ameaçava passar na frente no placar. E como ninguém no Lakers conseguiu marcar o Paul, o Hornets não só ganhou a partida e quebrou o mando de quadra do Lakers como também conseguiu ter esperanças. De ganhar a série? Nem isso, de mostrar para o Chris Paul que ele pode conseguir um título ficando em New Orleans mesmo. Muito mais importante que uma mísera série de playoff. O problema pro Hornets foi a lesão feia que o Gray sofreu no final da partida, e não é garantia de jogar o resto da série.

Magic vs Hawks
Acho que, entre todos os jogos, esse foi o que mais impressionou muita gente, inclusive a mim. E foi ainda pior porque ainda vimos o Dwight Howard meter a melhor marca da carreira, 46 pontos, sendo 31 só no primeiro tempo. E ainda assim o Hawks teve controle do jogo e ganhou por uma margem confortável. O Hawks não é aquele time que sempre apanha de times com bons pivôs, e de repente o time ganhou sendo esmagado pelo melhor pivô da atualidade (ainda que com uma concorrência de dar pena)??

Engraçado é que o Hawks ganhou exatamente porque o Dwight fez 46 pontos, não apesar disso. O Hawks entrou com um plano bem definido: Deixar o Howard sempre no mano a mano, nunca dobrar em cima dele e impedir que qualquer jogador além dele pontuasse. E o Magic respondeu acionando o Dwight Howard em cada posse de bola de costas para seu marcador, que as vezes era o Jason Collins, as vezes o Etan Thomas, as vezes o Zaza Pachulia e sou capaz de jurar que vi até o Larry Drew de uniforme fazendo algumas faltas nele. E o Dwight passou por cima da marcação, pontuou feito maluco, acertou até uns lances livres, mas mais ninguém no time do Magic pontuou e aconteceu que no intervalo o Hawks estava na frente. No segundo tempo, tirando o fato do Jameer Nelson ter acordado para a vida e começado a pontuar também, o panorama continuou: Sem dobras no Dwight, e oHawks dominando. É verdade que o Dwight fez 46 pontos, mas também errou mais que 34% dos seus lances livres e cometeu oito turnovers de tanto ser acionado, ninguém mais no Magic foi capaz de pontuar depois de passar todo o jogo sendo ignorado e ninguém conseguiu passar dos seis pontos além do Nelson e do Dwight.

No ataque, o Hawks fez exatamente o contrário, fugiu do Dwight Howard e atacou praticamente o tempo todo de fora do garrafão, acabou com apenas 36 pontos no garrafão, mas acertou 42,9% dos seus arremessos de três pontos e viveu confortavelmente acertando arremessos de meia distância ou cobrando lances livres (21-29). Foi essa combinação - deixar o Dwight pontuar livremente no garrafão sem dobrar, e atacar de fora do garrafão pra não ficar levando toco o dia todo - que levou o Hawks a ganhar essa partida. E é também o motivo de porque o Magic ainda não deve começar a desesperar. Tudo bem, o Stan Van Gundy vai ter que descobrir um jeito de envolver o resto do time no ataque ao invés de isolar o Dwight Howard a cada posse de  bola, o Kobe Bryant cansou de provar pra gente que fazer isso não dá certo no final, mas por outro lado as bolas de longe do Hawks não vão cair pra sempre, e quando essas bolas longas ou de meia distância pararem de cair eles vão ter que levar a bola pra perto do garrafão pra tentar arremessos mais próximos do aro, o que vai render alguns tocos e alguns contra ataques. Não da pra ganhar sempre só com bolas de longe, o próprio Magic provou que isso não vai funcionar sempre, então essa vitória do Hawks parece mais algo excepcional do que algo realmente para preocupar o Magic. A não ser, é claro, que o Van Gundy não consiga mudar o padrão de ataque do time, aí ele vai estar fazendo exatamente o que o Drew quer...

Spurs vs Grizzlies
Essa eu vou deixar pra quando eu finalmente postar o preview, porque tudo que fez o Grizzlies ganhar o jogo de ontem era algo que o Grizzlies tinha como vantagem e que teria que explorar no confronto contra o Spurs. Fica pra amanhã de manhã (ou, se a internet colaborar, hoje mais tarde).

domingo, 17 de abril de 2011

Preview - Oklahoma City Thunder vs Denver Nuggets


Reação do Perkins ao saber que foi trocado para o Thunder

De um lado, o time sensação da temporada passada, do começo dessa temporada, o time que mais parecia promissor e pronto pra ganhar títulos daqui a uns três anos e que graças a um presente de Natal adiantado está pronto pra brigar por títulos desde já. Por outro lado, o time sensação da NBA pós-All Star Weekend, o time que melhorou após perder seu melhor jogador, que parecia estar melhor do que o time que recebeu Carmelo Anthony. E agora eles se enfrentam numa série de playoffs que é meio imprevisível.

O George Karl, depois que perdeu Carmelo e Chauncey Billups, começou a implementar um estilo de jogo no Nuggets que passava por uma defesa muito forte (Foi a melhor pós-All Star Break durante muito tempo) e um ataque muito coletivo e cheio de bolas de três no melhor estilo Rick Adelman. O Nuggets, que depois da troca não tinha nenhuma estrela e um número enorme de excelentes ole players, se beneficiou desse estilo de jogo e contou com uma ótima fase também do Ty Lawson para engrenar de vez e fazer de vítimas alguns dos melhores times da Liga, inclusive o Lakers, que vinha de uma ótima seqüência. A grande incógnita para esse time nos playoffs era como o time ia lidar com a falta de uma estrela, que geralmente é quem é responsável por decidir jogos apertados e ficar com a bola nos momentos finais das partidas, mas de certa forma ninguém duvidava de que o Nuggets era um time pronto para aprontar nos playoffs.

O Thunder, por outro lado, foi o time mais divertido da temporada passada, quando acompanhavamos a evolução do Russell Westbrook num dos melhores armadores da Liga e do Kevin Durant num dos melhores jogadores da Liga. O time parecia muito interessante, tinha um elenco cheio de jogadores muito promissores, e estava pronto pra tomar a Liga de assalto quando o Lakers e o Spurs não aguentassem o peso dos anos. Acontece que no meio do caminho tinha um Danny Ainge, e o Ainge deu um presentão de Natal pro Thunder: Pegou o Jeff Green, bom jogador mas totalmente dispensável no time do Thunder, e mandou pra Oklahoma City o Kendrick Perkins. Falei mais da troca nesse post, falei mais sobre o impacto pro Boston no preview do jogo deles, mas pro Thunder essa troca caiu do céu: O garrafão frágil, maior problema do Thunder, de repente se tornou um dos mais ferozes defensivamente da Liga com o Perkins descendo a lenha de pivô e o Serge Ibaka versão 2.0 dando quatro tocos por jogo. O Ibaka, que jogava de pivô pra deixar o Green de ala de força, rendeu muito melhor na posição 4 acertando seus arremessos de meia distância e indo em direção à bola na defesa, enquanto o Perkins no ataque é um cone mas na defesa ele toma conta do garrafão e libera o Ibaka pra fazer o que ele faz de melhor, dar tocos. De repente, aquele time cheio de pirralhos e muito promissor é agora um time com um garrafão muito feroz, pronto pra ganhar de todo mundo e que AINDA está cheio de pirralhos e é muito promissor, o quarteto Durant, Westbrook, Ibaka e James Harden tem média de 21 anos e meio de idade!!

O Nuggets era um time que assustava porque, apesar do foco nas bolas de três pontos, era um time que sabia jogar no contra ataque, tinha muitos jogadores capazes de infiltrar (em especial o Ty Lawson) e sabia jogar dentro do garrafão quando precisava, como forma de abrir o espaço pras bolas longas. Com o Nenê e seu bom aproveitamento perto da cesta e o Kenyon Martin dando enterradas e pegando rebotes de ataque, o time conseguia abrir o espaço necessário para ser um ataque balanceado capaz de se ajustar às circunstâncias. O problema desse jogo é que, por incrível que pareça, o garrafão do Thunder é muito forte para o do Nuggets, um afirmação que alguns meses atrás não valeria mais do que um 'Há há!' do Alan Harper. O Thunder agora tem um garrafão com tamanho, físico e defesa o suficiente pra evitar que o Nuggets fique confortável infiltrando e jogando próximo à cesta e tenha que contar com suas bolas de longe para abrir espaço por dentro da defesa do Thunder, quando o time de Denver se sente mais confortável jogando de forma equilibrada.

Verdade que o Nuggets tem ótimos arremessadores e portanto contar com as bolas de longe não é um problema, mas nunca é confortável depender demais delas, porque uma hora elas simplesmente param de cair. O Nuggets se beneficiaria de estabelecer um bom jogo de garrafão, o Nenê teria que ser um pouco mais agressivo e o time tem que também acertar alguns arremessos de meia distância, porque contar só com as enterradas do Martin e as infiltrações do Lawson contra o garrafão do Thunder não é uma boa ideia. O Thunder é, de certa forma, um dos piores adversários possíveis no Oeste para o Nuggets, por causa dessa vantagem no garrafão, e não é a toa que o Denver preferia enfrentar o Mavericks aqui, onde o garrafão não seria uma desvantagem para o Nuggets e permitiria ao time usar seu estilo de jogo preferido.

O Thunder também precisa conseguir contornar a defesa coletiva do Nuggets, e pra isso o Westbrook talvez seja mais importante do que o Durant. O Durant todo mundo sabe que vai fazer seus 30 pontos por jogo e jogar muito, mas o Westbrook precisa envolver o Ibaka e seus arremessos de meia distância no jogo pra não deixar o ataque do time viciado, e o Harden tem que assumir a responsabilidade de pontuar vindo do banco. E mais importante que tudo isso, o time precisa arrumar uma forma de decidir jogos mais inteligente do que isolar o Durant para um arremesso forçado.

Pra mim, essa é uma das séries mais imprevisíveis desses playoffs porque ela vai depender muito de coisas como bolas de três pontos, atuações individuais e ajustes dos técnicos. O Thunder tem a vantagem no garrafão, isso lhes da a vantagem teoricamente, mas se as bolas do Nuggets estiverem calibradas o Thunder pode perder uma das suas principais armas. O Nuggets também vai provavelmente usar de muita velocidade pra evitar que o Thunder se monte defensivamente e tem dois armadores no Lawson e no Raymond Felton que sabem correr, além de poder apelar para um Small Ball com o Danilo Gallinari de ala de força. Essa versatilidade do Nuggets pode acabar sendo respondida pelo Thunder da várias formas: Responder na correria como fizeram contra o Celtics, apelar para um jogo mais lento ou até isolar o Durant a cada posse de bola, o que todo mundo sabe que vai dar errado.

Palpite: No papel, o Thunder tem a vantagem. Dentro de quadra, a série é bem imprevisível. Como não da pra prever o imprevisível, por isso ele tem esse nome, vou me basear na teoria para o meu palpite. Thunder em cinco jogos, embora se essa série durar sete jogos, o Thunder conseguir uma varrida ou se o Nuggets ganhar eu não ficaria nada surpreso.