Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Que venha a World Series!

Começa e termina aqui!

Philadelphia Phillies, New York Yankees e Tampa Bay Rays eram apontados, no começo dos playoffs, como os favoritos a levarem pra casa o título da World Series. No entanto, o Clássico de Outono, que começa essa quarta feira, terá um duelo inusitado: San Francisco Giants contra Texas Rangers. Se me perguntassem antes dos playoffs começarem, essa final só era mais improvavel do que Twins e Braves se enfrentando, ou seja, foi uma grande surpresa.

O Texas Rangers se classificou em quarto lugar na AL e só não era o time mais desacreditado porque o Twins estava sem Justin Morneau. Mas mesmo assim, Josh Hamilton estava voltando de lesão e o time enfrentaria o forte e temido time do Tampa Bay Rays. Com duas sensacionais performances de Cliff Lee, o Rangers eliminou o Rays e seguiu para enfrentar o Yankees, onde Hamilton deu show e o time texano massacrou os atuais campeões nas partidas nas quais venceu, apesar de uma virada histórica do Yankees no jogo 1.

O San Francisco Giants nao deveria nem ter ido para os playoffs, estava 6,5 jogos atrás do San Diego Padres na divisão faltando pouco mais de um mês de temporada regular. Mesmo assim, o Giants foi impecavel em setembro (A começar pelo seus astros, Tim Lincecum e Buster Posey), tirou a diferença pra San Diego e foi para os playoffs. A diferença de 6.5 jogos tirados no tempo que o Giants o fez para ir aos playoffs é uma das maiores marcas da história da MLB. O Giants enfrentou seu clone paraguaio, o Atlanta Braves, e venceu uma série apertada. Em seguida, enfrentou o embalado e fortissimo Phillies numa excelente série, jogos disputados, emocionantes, os ataques funcionaram, tres jogos decididos por uma corrida de diferença (Dos sete jogos vencidos pelo Giants nos playoffs, seis foram por uma corrida de diferença) e belas viradas, e no fim o Giants fez valer sua ótima rotação e chegou à World Series. Essa World Series tambem será a quebra de um tabu: Enquanto o Rangers, em seus 49 anos de história, nunca foi campeão da World Series (E tambem nunca havia nela chegado), o San Francisco Giants tambem nunca foi campeão. A franquia Giants foi campeã cinco vezes quando ela ainda estava em New York, mas desde que se mudou de cidade nunca alcançou o título, são 56 anos sem título, a terceira maior seca da MLB (Atrás de Cubs com 102 e Indians com 62 anos).

A World Series, ao contrário das Finais da NBA ou do Super Bowl, tem o mando de campo definido pelo All Star Game. Ou seja, a Liga (National ou American) que ganhar o All Star Game tem o direito do mando de campo nas finais. O ALG desse ano acabou 3 a 1 para a NL, e portanto o Giants tem a vantagem. O que tem uma outra vantagem alem da torcida. Na MLB, as duas Ligas são bastante diferentes, cada uma oferece um premio de MVP, calouro do ano, Cy Young (Melhor pitcher), etc dentro dela mesma. E tambem ha algumas diferenças entre as regras, e a principal a meu ver é a existencia ou não da posição do Designated Hitter, ou Rebatedor Designado.

No baseball, os jogadores são classificados de acordo com a posição que ocupam na defesa: Catcher, Pitcher, Centerfielder, First Baseman, etc. Na hora de ir o bastão, o técnico escolhe a rotação independentemente da posição. No entanto, na American League, existe um jogador, o Designated Hitter, que não faz parte do time defensivo mas que pode rebater quando seu time está no ataque, ocupando o lugar de rebatedor que normalmente seria do pitcher. Claro que isso favorece o ataque, pois geralmente os pitchers nao tem como caracteristica a rebatida e assim voce coloca em campo um jogador capaz de render mais corridas ao ataque. No entanto, na National League, não existe o DH, e o pitcher faz parte da rotação dos batedores (Para um exemplo, leia abaixo o resumo do jogo 6 da NLCS). Como resolver, então, esse problema na World Series? Simples, se usam as regras da Liga do time que recebe a partida. Portanto, nas quatro partidas em San Francisco, não existirá DH (Vladimir Guerrero, o DH do Rangers, vai começar o jogo 1 como Right Fielder) e os pitchers rebaterão normalmente, enquanto que nos jogos no Texas a posição existe e funciona como sempre (Pablo Sandoval, Pinch Hitter do Giants, deve ser o DH). A meu ver, isso favorece o Giants: Guerrero jogando de RF vai prejudicar a defesa do time, enquanto o Giants está acostumado a jogar com essa formação. Nos jogos no Texas, a entrada do DH só beneficia o Giants em relação à sua formação normal.

Vamos ver mais um pouco sobre os times agora, depois de duas séries de playoffs.



San Francisco Giants
Eu tinha me comprometido a falar do jogo seis da final da NL aqui, e vale muito a pena, porque foi um jogasso, cheio de emoção e com um final espetacular. Roy Oswalt, que teve um ótimo jogo 2, estava escalado para começar pelos Phillies, enquanto Jonathan Sanchez, que até aqui tem tido uma fraca pré temporada, estava no montinho pelo Giants. E Sanchez nao conseguiu sair de sua má fase, logo na parte de baixo da primeira entrada ele cedeu um walk, uma rebatida dupla, dois singles e uma rebatida de sacrifício, permitindo que o Phillies abrisse 2 a 0 de vantagem logo de cara. No entanto, Sanchez se recuperou na segunda entrada e na parte de cima da terceira foi a vez do Giants mostrar serviço: Após rebatidas simples do próprio Sanchez e de Andres Torres e uma rebatida de sacrifício de Freddy Sanchez, o Giants tinha dois jogadores em condições de anotar corridas (2ª e 3ª bases). Aubrey Huff conseguiu uma rebatida simples pra impulsionar a corrida de Sanchez, mas Shane Victorino fez um lançamento lindo pro catcher Carlos Ruiz eliminar Torres antes que ele chegasse ao home plate. Mas na bola seguinte Buster Posey contou com um erro da defesa pra Huff anotar outra corrida e empatar a partida.

No entanto, os problemas do Giants continuaram. Na parte de baixo da terceira entrada, Sanchez cedeu primeiro um walk pra depois acertar uma bola nas costas de Chase Utley num hit  by pitch, que esquentou o jogo: Os dois bancos entraram em campo e ameaçaram começar uma briga. Controlada a situação, Sanchez foi tirado rapidamente de campo pra entrada de Jeremy Affeldt, que entrou muito bem e fechou o inning. A partir dai, a partida virou um jogo de paciencia para ambos os times. Apesar dos Giants estarem jogando melhor no ataque (terminaram o jogo com 13 rebatidas, contra 8 do Phillies), os pitchers e as defesas se mostravam sólidos e ninguem conseguia pontuar. Roy Oswalt saiu pra entrar Ryan Madison, e Madison Bumgerner e Javier Lopez sucessivamente substituiram Affeldt.

Esse equilibrio foi quebrado na oitava entrada, parte de cima: Com dois eliminados e Madison no montinho, Juan Uribe, que ja havia sido o heroi do jogo quatro ao impulsionar uma corrida na nona entrada pra ganhar a partida, rebateu um Home Run que atravessou o campo e só foi cair na primeira fileira de cadeiras da arquibancada. Mas na parte de baixo da oitava entrada, com os Giants em vantagem 3 a 2, pra minha surpresa, quem entrou pra arremessar foi Tim Lincecum! Confesso que na hora fiquei sem entender nada. Os Bullpens geralmente são jogadores que arremessam com bastante força e que tem como função eliminar rapidamente, na base da porrada, enquanto Lincecum é um jogador bastante equilibrado e técnico. Ta bom que era O Lincecum, mas ele estava frio, contra rebatedores que ja vinham jogando faz tempo, a situação era muito desfavoravel. Depois de um strikeout em Jayson Werth (Melhor jogador do Phillies na série), Lincecum cedeu duas rebatidas simples e acabou saindo pra entrada do closer Brian Wilson, que contou com uma queimada dupla excelente de Aubrey Huff pra fechar a entrada. Na nona entrada, com o closer Brad Lidge, o Phillies teve alguns problemas: Torres e Sanchez rebateram simples, e com dois elminados e dois em base Buster Posey subiu no montinho. Foi ai que Lidge optou por ceder um walk intencional a Posey pra lotar as bases. Foi ai que eu entendi porque o técnico botou Tim Lincecum: Quem subiu ao bastão com bases lotadas foi... Brian Wilson! Se Lincecum tivesse fechado o inning, o técnico poderia botar nessa situação um pinch hitter pra tentar ampliar a vantagem e Wilson entraria só na nona entrada. Mas como nao deu, o técnico nao quis arriscar tirar Wilson, que foi eliminado.

Na nona e decisiva entrada, Wilson eliminou dois jogadores, mas cedeu dois Walks, e com dois em base e dois eliminados subiu ao bastão Ryan Howard, que seria seguido por Jayson Werth! Uma rebatida simples de Howard empatava, uma dupla provavelmente ganhava, e um strikeout levava o Giants à World Series! Wilson deixou de lado totalmente qualquer tipo de arremesso que nao fosse uma bola rapida nessa entrada.
Primeiro arremesso. Strike. Começou bem, mas Howard estava 2-4 no bastão aquele dia, perigoso.
Segundo arremesso. Bola. A contagem ainda era favoravel a Wilson.
Terceiro arremesso. Bola. Um walk aqui poderia ser fatal, Werth estava jogando muito na série e iria ter bases cheias.
Quarto arremesso. Foul. Mais um strike pros Giants irem pra World Series!
Quinto arremesso. Ball. Contagem completa, momento de decisão!
Sexto arremesso. Foul. Howard sobrevive.
Seis arremessos até aqui. Seis bolas rápidas. Mas na sétima bola, a bola decisiva, Brian Wilson mandou um dos Sliders mais lindos que eu vi na vida na parte de baixo da zona de strike. Ryan Howard só pode olhar enquanto o juiz chamava o strikeout e Buster Posey saia correndo pra abraçar Brian Wilson, que teve brilhante atuação, enquanto a torcida comemorava sua primeira World Series desde 2002.
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O Giants chegou nos playoffs como um time de ataque fraco e ótima rotação de pitchers, melhor ERA da MLB. E realmente foi o que vimos na série contra Atlanta, as tres vitórias sendo decididas por uma corrida e com baixas contagens com ótimas atuações de Matt Cain e Lincecum. Mas na série contra Phillies, um time claramente superior, o ataque apareceu e muito bem! Foram cinco home runs em seis jogos (Tres do Cody Ross), partidas sendo decididas com placares altos e em geral atuações consistentes de jogadores como Posey e Huff, esse ultimo um monstro na defesa. O time mostrou uma postura de campeão contra o Phillies: rotação titular forte, bom Bullpen e um ataque consistente capaz de produzir nas horas certas. A defesa e a rotação do Rangers é muito inferior à do Phillies e se o ataque do Giants mantiver o impeto, pode conseguir grandes feitos. O que preocupa é a fraquissima pós temporada de Jonathan Sanchez, que perdeu um jogo e só nao perdeu outros dois porque saiu antes. Para o time aumentar suas chances, Sanchez precisa recuperar seu jogo, assim como Bumgarner.


"Opa, sou eu de novo?"

Texas Rangers
Eu ia falar um pouco do jogo seis entre Rangers e Yankees, mas acho que tudo que eu tinha pra falar ja está nesse post, porque realmente aquela foi a história do jogo: Tres rebatidas impulsionadas do Vladimir Guerrero, um Home Run duplo do Nelson Cruz e um Yankees apatico incapaz de fazer qualquer coisa.

O Rangers teve um dos melhores ataques da MLB na temporada regular, foi o melhor time em hits, e conseguiu carregar isso para a pós temporada. O problema tinha sido a rotação titular, CJ Wilson é um bom pitcher mas está longe da elite de Liga. Cliff Lee chegou no ultimo dia de trocas e teve um final de ano fraco, tres vitórias e quatro derrotas. Mas nos playoffs, baixou o santo no Lee, foram tres jogos contra os dois melhores times da AL, tres vitórias e tres atuações dominantes, e está escalado pra começar o jogo 1 da World Series contra Tim Lincecum. O ataque do Rangers está pegando fogo, em especial o Josh Hamilton, MVP da ALCS, e está mandando bolas pra longe num ritmo alucinado. Bengie Molina, Cruz, Guerrero, Ian Kinsler e Hamilton vem de ótimas atuações e vao meter medo mesmo na rotação fortissima do Giants. Se os pitchers conseguirem segurar o ataque do Giants, que vem embalado contra uma defesa bem mais forte que a dos texanos, o Rangers tem tudo pra levar o seu primeiro titulo.


World Series
O primeiro jogo da WS vai ser amanha, quarta feira, 9 e meia da noite. Cliff Lee vai enfrentar Tim Lincecum. O Giants tem uma vantagem muito evidente nos pitchers em geral, área onde o Rangers só apresenta um Lee consistente, e se o bullpen é equilibrado, Brian Wilson é um closer pra meter medo em qualquer time da Liga. Por outro lado, o ataque do Rangers é superior ao do Giants, manda bolas pro outro lado do muro com boa frequencia e tem pra mim o melhor jogador desses playoffs, Josh Hamilton. O Giants apresentou grande evolução ofensiva quando foi enfrentar um time de ataque forte, e se conseguir manter o ritmo de evolução, vai dar muito trabalho pro Rangers. A questão parece ser se voce confia mais num ataque ou numa defesa pra ganhar o título, a defesa do Giants ou o ataque do Rangers. Talvez o ataque do Giants esteja mais proximo do do Rangers do que o inverso acontecendo com os pitchers, mas nao esqueçam que o Rangers tem Cliff Lee, invicto.

Pra mim, a chave da série vai ser o jogo 1: Se o Giants ganhar de Lee, colocar o melhor pitcher da pós temporada no final da rotação do Rangers e abrir a série com uma vitória do seu ace em casa, é meio caminho andado pro titulo. Voce tira o moral do Rangers, do Lee, ganha uma partida contra um pitcher que até agora ganhou todos os jogos que subiu no montinho e sai na frente em vantagem, sendo que nos proximos jogos voce tem uma vantagem muito clara nos arremessadores. Por outro lado, se o Rangers ganhar, ainda que nao seja o maior estrago do mundo pro Giants, atrapalha: Perde a vantagem do mando de campo, ve seu melhor pitcher perder sua segunda partida seguida, um Rangers com mais moral do que nunca e claro, sai em desvantagem na série.

O duelo entre esses pitchers promete ser senscional e podem ter certeza que, nove e meia da noite de quarta, estarei sentado no sofá assistindo a esse jogão.

Um comentário:

  1. é...não acho justo esse esquema da MLB...
    Deveria ser que nem na NBA e Super Bowl...
    o time com melhor campanha joga um jogo a mais
    em casa, nada mais justo...

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